A grande obra do Pink Floyd faz 40 anos - parte 3

Irapuan Peixoto - site HQRock

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Por Redação
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Tempo... Preparando a obra

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Poster de 1972 apresentando o show Eclipse.

Tendo em vistas os primeiros shows de janeiro de 1972, o Pink Floyd gastou mais de um ano preparando Darkside of the Moon. E diferentemente de outras vezes, não começou pelo estúdio, mas pelos shows. Com isso, o disco foi testado literalmente mais de uma centena de vezes antes de ver a luz do dia em uma loja de discos.

Já em fevereiro de 1972, os cartazes dos concertos da banda anunciavam que uma nova peça chamada Darkside of the Moon seria apresentada nos shows. A banda executava as 10 faixas na íntegra e, depois, no bis, tocava outras de suas canções do passado. Foi nas execuções ao vivo que o material foi ganhando forma.

A seção instrumental inicial ganhou o nome de Speak to me; Religion tomou uma forma mais definida e mudou de título para On the run; The Violence Sequence ganhou uma letra por Roger Waters, passando a se chamar Us and them; e a canção Eclipse foi composta, como um tipo de encerramento que une todo o disco.

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Respire... Uma pequena pausa nos trabalhos

Capa do álbum Obscure by Clouds, gravado em meio a uma pausa em Darkside.

Em meio aos shows em que apresentavam o pré-projeto de Darkside of the Moon, juntamente à promoção das faixas de Middle, o Pink Floyd ainda encontrou disposição para uma terceira tarefa. Foram convidados pelo diretor de cinema Barbet Schroeder para fazer a trilha sonora do filme La Vallée. O diretor e a banda já tinham produzido um trabalho em parceria antes: More, que foi o terceiro álbum do Pink Floyd, lançado em 1969. Entre o fim de fevereiro e o fim de março, a banda foi à França gravar em apenas algumas semanas a trilha do novo filme, num intervalo entre a turnê britânica e outra japonesa.

Obviamente, não usaram nenhum dos materiais planejados para Darkside of the Moon, então tiveram que compor material novo e gravá-lo quase que imediatamente. O material daria origem ao álbum Obscure by Clouds, lançado em junho de 1972. A banda não usou o nome La Vallée, porque não se entendeu com a produtora do filme, mas a trilha foi usada.

E o álbum é uma grata surpresa: um dos discos menos conhecidos do Pink Floyd, mas cheio de ótimas canções e uma sonoridade maravilhosa. Gravado sob condições tecnológicas precárias e em pouco tempo, isso resultou em uma maior união da banda, de modo que as canções são realmente fruto de parcerias entre os músicos.

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De volta à Inglaterra, a banda começaria a verdadeira epopeia de gravar Darkside of the Moon.

Qualquer Cor que Você Goste... As gravações começam

A banda reunida na sala de controle.

As gravações do álbum começaram em 1º de junho de 1972, nos estúdios da EMI em Abbey Road, o mesmo estúdio no qual os Beatles gravaram a maior parte de suas canções. O Pink Floyd tinha assinado, em 1967, um contrato maluco com a EMI com duração de 10 anos, na qual tinham direito a horas ilimitadas de estúdio , então, podiam gravar seus discos com calma, longamente. E desta vez fizeram isso mesmo.

O projeto voltou a se chamar Eclipse e a primeira faixa a ser gravada foi Us and them, a antiga peça instrumental ao piano de Richard Wright, agora com uma letra igualmente melancólica de Roger Waters, cantada lindamente por David Gilmour.

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As gravações do disco ocupariam três longas temporadas, ao longo de nove meses. A primeira, entre junho e julho, andou rapidamente, com as gravações das bases de Us and them, Money, Time, Breathe e o esboço de The great gig in the sky, outra peça instrumental de autoria de Wright. Essa primeira seção das gravações foi interrompida por dois meses de férias da banda, para que se recuperassem e partissem para uma turnê de quinze dias pelos EUA, em agosto.

Um diferencial nas sessões do disco foi a presença do engenheiro de som Alan Parsons, veterano dos estúdios da EMI, que havia começado a carreira como assistente de engenheiro nas gravações finais dos Beatles. Parsons realmente sabia tirar um som bonito dos instrumentos e isso contribuiu bastante para a forma final do álbum.

O sucesso futuro de Darkside também seria gratificante para Parsons, que virou uma estrela por si só, ganhou um prêmio Grammy pelo disco e, no fim dos anos 1970, montaria a banda The Alan Parsons Project, que faria sucesso com um rock progressivo leve e bonito.

David Gilmour ouve o material gravado em Abbey Road.

A segunda temporada de gravação deu-se início em 08 de setembro e durou um mês. Agora, definitivamente, o disco se chamava Darkside of the Moon. Foram gravadas as bases de Brain demage e Any color you like.

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Neste momento, a banda decidiu acrescentar um coral feminino nas canções, algo que o Pink Floyd jamais usara. Foi ideia de David Gilmour, para dar um toque mais quente e de soul às ásperas e críticas letras de Waters. Foram contratadas as cantoras Doris Troy, Lesley Ducan, Liza Strike e Berry St. John, que cantam em todas as canções não-instrumentais do disco.

Gilmour também convidou um velho amigo de Cambridge, Dick Perry, para tocar saxofone em algumas faixas. Perry não era um músico profissional, mas fez um ótimo trabalho em Us and them e Money.

Essas gravações se encerraram no início de outubro, com o Pink Floyd embarcando em uma turnê de dois meses pela Europa, que incluiu até as apresentações do Pink Floyd Ballet em Marselha, na França, na qual o conjunto fez trilha sonora para uma apresentação de balé durante uma semana (!).

Por fim, a última temporada de gravações deu-se início em janeiro de 1973, nas quais foram feitos os últimos ajustes do álbum. Mas não pense que isso foi fácil.

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