A força do Alice in Chains

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Por Redação
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Veteranos de Seattle apresentam novo disco, 'The Devil Put Dinossaurs Here', o melhor em 20 anos (Foto: Divulgação)

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Roberto Nascimento

Hoje, quando os portões da Cidade do Rock forem abertos, Jacarepaguá será tomada por camisas negras com estampas macabras. Trata-se de uma tradição do Rock in Rio. De um dia para o outro, troca-se o eleitorado, mudam-se as cores e as atitudes. Fãs de baluartes do peso de Sepultura, Metallica e Alice in Chains, chegam de longe para apreciar seus ídolos, e dão uma cara mais séria ao festival.

Menos farra, mais veneração. A música, enfim, exerce um papel central incontestável nos motivos do público. Entre os devotos do metal que comparecerão, os que pagaram para ver os padroeiros do grunge, Alice in Chains, esperam presenciar uma espécie de renascença, marcada pelo lançamento do último disco, The Devil Put Dinossaurs Here, ou em tradução, "O Diabo Colocou Dinossauros Aqui".

Abraçando a condição jurássica de seu legado - e talvez por isso, tocando pesado, sem firulas e lançando o melhor trabalho em quase 20 anos -, os veteranos de Seattle arrancaram elogios da crítica com o disco. Entre os mais repetidos, estão os salves aos revigorados riffs de Jerry Cantrell, nas guitarras, e a sincronia entre o baixista Mike Inez e seu parceiro de baquetas, Sean Kinney. É, de fato, o primeiro bom trabalho desde os anos 1990, quando o Alice in Chains viveu um declínio que resultou, em 2002, na morte do vocalista Layne Staley, por overdose.

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Agora com o substituto William Duvall à frente do grupo há mais de quatro anos, o Alice in Chains acertou os ponteiros para agradar a seu experiente e nostálgico eleitorado. Mesmo assim, como Inez explica, na entrevista ao Estado, que não tem sido fácil para eles. A banda tocou na última quinta-feira no Rock in Rio.

Há dois anos, quando veio para o SWU, a banda estava voltando à ativa depois de mais de uma década da morte de Layne Staley. Como foi esse processo de reconquista do público com um vocalista novo?

Havia muito chiado. Sentíamos que a recepção não era tão calorosa quando antigamente. Eu disse ao William desde o começo que ele teria de provar seu valor em um show a cada vez. Desde então, fizemos centenas de gigs. E acho que as coisas ficaram mais fáceis a partir de então. Até para a gravação do disco. Tudo está mais encaixado.

Os fãs reclamaram dele?

Não, mas mesmo assim foi muito corajoso de sua parte encarar o desafio de cantar as canções antigas. Layne era família para nós. Sentimos falta dele todo dia. Mas não estamos tentando colocar uma imitação. Nós nos damos muito bem juntos. Escolhemos voltar à ativa.

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E como está a agenda?

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Na última turnê, fizemos 40 ou 42 países. Estamos na estrada desde abril. Depois do Brasil, voltamos para os Estados Unidos, tocamos no Canadá, na Europa e Austrália depois do Natal.

O disco novo tem sido elogiado. Você acha que essa necessidade de provar que ainda conseguem fazer rock substancial faz com que a banda toque melhor?

Para nós, não temos de provar nada. Somos melhores amigos. Quando a banda não estava dando certo, podíamos conversar abertamente sobre isso. Aí, fizemos um show beneficente, tentamos diferentes cantores, tocamos com Billy Corgan, Maynard Keenan, e todos nos incentivaram bastante.

A convivência continua a mesma?

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Certamente. Você sabe que vai dar certo quando começa a viver no ônibus de turnê com os caras. Se você consegue se dar bem, o resto é mais fácil. Vivemos para o palco. Toda vez que tocamos, é a melhor parte do dia. Por isso me sinto muito sortudo.

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