A ferocidade do Pantera na obra que definiu o groove metal

Marcelo Moreira

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Por Redação
Atualização:

A única banda de heavy metal capaz de enfrentar o então incipiente movimento grunge de Seattle. O quarteto texano Pantera foi obrigado a conviver com este pesado fardo quando lançou o clássico "Vulgar Display of Power", em 1992, o sexto álbum de sua carreira, mas o segundo após a mudança radical de sonoridade.

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Enquanto Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden enterravam o som comercial e artificial que tomou conta do hard rock do final dos anos 80, as bandas mais pesadas e as clássicas entravam em parafuso na falta de criatividade e nas crises internas - Black Sabbath, Judas Priest e Guns N'Roses, por exemplo. Só a criatividade e inteligência do Metallica e a guitarra feroz e inventiva de Dimebag Darrell poderiam fazer frente às bandas de Seattle.

"Vulgar Display of Power", que ganha agora, 20 anos depois, uma versão de luxo com CD e DVD, conseguiu reunir em um só trabalho um peso absurdo, violência sonora e uma agressividade que era rara naquele ano de 1992.

Mas qual a grande novidade que o quarteto apresentava, já que o metal extremo (thrash, death e black metal) estava bem estabelecido, ainda que no underground? Por que o som agressivo e pesado do Pantera caíram no gosto do grande público em geral, senso que gigantes do metal como Exodus, Testament, Overkill e Anthrax não tinham atingido tal patamar?

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Correndo o risco de cometer injustiças, pode-se dizer que a resposta imediata está em Diamond "Dimebag" Darrell, o guitarrista insano e criativo que colocou um groove até então inexistente no som pesado. Ele já era o destaque da banda na primeira fase, quando o Pantera lançou quatro álbuns entre 1984 e 1988 na linha do hard rock mais farofa que existia, na trilha de Motley Crüe e Poison.

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Suas melodias eram diferentes e variadas, com trocas de escalas inspiradas e uma velocidade incomum para o estilo. Quando o cantor Terry Glaze decidiu sair em 1989, abriu-se um novo mundo para o Pantera. Phil Anselmo assumiu os vocais, e Terry Date a produção de "Cowboys from Hell", de 1990, uma porrada em todos os sentidos, com uma sonoridade quase thrash e vocais insanos e desesperados de um vocalista acossado por algo assustador.

O sucesso do álbum foi a chama para que avançar ainda mais em "Vulgar". A produção melhorou e a bateria de Vinnie Paul (Vincent Abbott, seu nome verdadeiro), irmão de Dimebag, cresceu de tal forma que se tornou parte indissociável do Pantera, com sua sonoridade que mesclava o peso e a intensidade de John Bonham (Led Zeppelin) com a versatilidade de Cozy Powell (Rainbow, Whitesnalke, Black Sabbath).

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O disco todo é excelente, mas ainda assim há destaques, como a pedrada "Mouth For War", a agressiva "Fucking Hostile", a veloz e potente "Walk" e as baladas "This Love" e "Hollow".

A versão de luxo que chega agora às lojas - lançada no exterior pela Rhino Records e no Brasil pela Warner -, traz uma música inédita, uma sobra de estúdio da época, a música "Piss". O DVD bônus é curto, trazendo três videoclipes e cinco músicas gravadas em um show na Itália em 1992.

Dimebag Darrell seguiu guiando o Pantera até o fim do grupo, em 2002, após desavenças dele e de Vinnie Paul com Anselmo. Os irmãos logo formaram o Damageplan, que terminou tragicamente com o assassinato do guitarrista em pleno palco, em 2004, na turnê de divulgação do primeiro trabalho do grupo.

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Dimebag estava no solo da primeira música em uma apresentação em uma pequena casa noturna nos arredores de Columbus, no Estado de Ohio, quando um fã furou o frágil bloqueio de seguranças, invadiu o palco e atirou duas vezes no guitarrista, gritando "Você ferrou o Phil (Anselmo)".

 O assassino acabou abatido quase que imediatamente, alvejado por um policial, e morreu minutos depois. Foi o primeiro astro do rock a ser assassinado em pleno palco.

 

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