O projeto é dos professores Bernadette Lyra e Gelson Santana, da Escola de Comunicação e Artes, da USP. O casal, junto com um grupo de professores cinéfilos, costumava garimpar pérolas cinematográficas Brasil afora em eventos esporádicos. "Muitas vezes o diretor do filme não sabe nem ler", conta Bernadette. "A vontade de fazer filme é tão grande que eles fazem mesmo, na garra. Improvisam."
São produções completamente amadoras e com os devidos ajustes. "Às vezes, a mocinha é a filha do diretor e o mocinho é o próprio diretor", conta. Os gêneros são bem variados: às vezes mesclam velho oeste e kung fu com comédia romântica e pronto. "Vão juntando sem o menor constrangimento. É um barato", diz. Não é difícil ver uma ou outra cena de algum filme famoso também entrar no meio. "Mas aí não é um imitação. É uma recriação."
Apesar de tanta mistureba, há os gêneros mais visados: terror (com muito xarope de groselha para fazer de sangue), humor escrachado e até pornô. A estética trash é caprichada. No final, quem faz esse tipo de trabalho quer mesmo é se divertir. Bernadette arremata com uma frase de um conhecido: "O cinema brasileiro tem salvação. E eu vou provar isso com meus filmes bagaceira", ri.