Alexandre Ferraz Bazzan
24 de maio de 2019 | 15h01
Após quatro meses de revolta, os militares do Sudão atenderam a insatisfação popular e destituíram em 11 de abril o presidente Omar al-Bashir, que governou o país nos últimos 30 anos. Al-Bashir era acusado internacionalmente por crimes de guerra e limpeza étnica contra grupos rebeldes não-árabes, além de enfrentar diversas revoltas, entre elas a que em 2011 ocasionou a independência do Sudão do Sul.
A revolução mais recente começou em dezembro de 2018 com diversos setores da sociedade acampando na capital Cartum. Agora, o povo exige uma transição com lideranças civis e segue pressionando os militares que estão temporariamente no poder.
Em meio às vozes da revolta, que tem maioria de mulheres, surgiu a cantora Hiba Elgizouli. A comparação com Alicia Keys é inevitável . Até Elgizouli já chamou a americana de “irmã”.
A jovem compositora tem poucas músicas de sua autoria publicadas online, além de algumas versões de Alicia Keys, Rihanna e outras artistas, mas já mostra um futuro promissor mesmo sem muitos recursos. Na descrição do clipe de Rival, no YouTube, ela diz que a produção teve “orçamento zero e contou com a ajuda de jovens artistas sudaneses”. Entre esses jovens artistas estão as irmãs da cantora, Mai y Sally Elgizouli, que se desdobram na direção, fotografia e criação do figurino.
Elgizouli tem sido razoavelmente ativa sobre a revolução sudanesa no Twitter e Instagram. Sobre a música Crying Earth, ela diz que escreveu em 2015 pensando nas “coisas terríveis que acontecem no Sudão e no resto do mundo”. Na descrição da música publicada em 2018 ela lamenta que as coisas estão cada vez piores, mas diz que acredita que o amor ainda é o único remédio.
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