Discos para ouvir na quarentena 1: 'Let It Be' - Replacements

Boa noite, amigos.

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Por Alexandre Ferraz Bazzan
Atualização:

Como tudo que toma grandeza desproporcional, o debate sobre a quarentena autoimposta virou um Fla x Flu em que um lado as pessoas acusam o suposto egoísmo de quem continua saindo de casa e, de outro, as pessoas chamam o primeiro grupo de bolha classe média que não observa as limitações econômicas de quem precisa sair de casa para trabalhar. O intuito aqui não é tomar lado, mas oferecer algum tipo de distração para quem está no home office e quem ainda tem que sair de casa.

Enquanto durar a crise do coronavírus, vou tentar publicar com a maior frequência possível algum disco que mudou a minha vida e pode potencialmente mudar a sua ou de alguém que ainda não tenha escutado. Vamos ao que importa.

 

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O terceiro disco do Replacements é, em termos, uma guinada em uma direção mais madura. Digo em termos porque apesar da maior presença de baladas e músicas voltadas para o rock de arena, com temas mais sensíveis, eles mantiveram algumas molecagens que marcaram toda a carreira deles.

O afastamento do som mais cru e punk alienou muitos fãs e a decisão de acrescentar uma versão de Black Diamond do Kiss também não ajudou. A escolha do nome do disco também foi bem aleatória, literalmente. Quando o álbum estava pronto, eles estavam andando de carro e discutindo possíveis nomes até que um deles sugeriu que a próxima música que tocasse no rádio batizasse o novo trabalho. Let It Be dos Beatles tocou e eles fizeram toda papagaiada que seguiu, como a foto no telhado da casa da mãe dos irmãos Tommy e Bob Stinson (baixista e guitarrista da banda respectivamente).  Eles ainda tiraram uma foto atravessando a rua, como a capa de Abbey Road, mas ela foi descartada.

 

Alguns fãs dos Replacements argumentam que o Let It Be deles é melhor que o dos Beatles e a afirmação não é tão absurda quanto pode parecer.

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I Will Dare é um twist dançante que seria um clássico supremo se lançada por Elvis, e apesar disso não soa nem um pouco ultrapassada. Unsatisfied, à sua maneira, é menos roqueira do que Satisfaction, mas talvez tenha um desespero que falta à música dos Stones.

Sixteen Blue e Androgynous falam sobre questões sexuais e de gênero em uma época em que o assunto ainda era um tabu enorme e visto de forma preconceituosa e machista por boa parte do movimento punk, de onde a banda saiu originalmente.

Answering Machine fecha o álbum com o tema da dificuldade de um namoro à distância. Ao final, Paul Westerberg, principal compositor, vocalista e guitarrista, grita DDDs de diversas meninas as quais ele mantinha relacionamentos simultâneos. O disco ainda é temperado em boa parte com os ritmos mais acelerados, os quais eles começavam a se distanciar no último trabalho por uma gravadora independente, a Twin Tone.

Deveria ser um clássico (para mim é), aperte o play.

https://open.spotify.com/album/2sOLW5TSgXiLZBacdHxO6m

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