Não acho que esteja ligado com a necessidade de trabalhar na segunda, pelo menos não no meu caso, mas sim com a finitude de mais um ciclo, mesmo o domingo sendo teoricamente o primeiro dia da próxima semana. Não sei como as pessoas conseguiam passar por esse dia antes da invenção do futebol. A partida, mesmo que do Corinthians, na TV preenche muito essas tardes tão arrastadas.
É esse também o motivo de eu não gostar do natal, do réveillon e do fim de ano em geral. Não bastasse todo o peso de um novo começo, você ainda deve vestir uma personalidade boa e caridosa para não ser considerado um Grinch. Insuportável, mesmo que você já seja uma boa alma o tempo todo(não é o meu caso).
Voltando ao domingo, li esse texto do Carlos de Oliveira sobre a morte do Otis Redding e a vacância no trono do soul. Comecei a ouvir as músicas dele e de repente meu dia começou a fazer mais sentido, como se o Brasil tivesse ganhado a Copa do Mundo hoje, 7 a 1 na Argentina com direito a gol contra do Messi.
Redding tinha apenas 26 anos, algo que me intriga. Como pode esse senhor ser mais novo que eu? Sempre digo que Bob Dylan é um extraterrestre por ter escrito Blowin' in the wind com apenas 22 anos. Outros, como eles, realizaram antes dos 30 mais do que eu e a maioria das pessoas vai conseguir vivendo 100 anos, mas me deixa embasbacado quando essa pessoa tem eternamente 26. Otis jamais vai ser mais velho que eu. Nem ele, nem Ian Curtis (23), James Dean (23), Nick Drake (26) e todos do clube dos 27.
Abaixo Otis Redding tenta um pouco de carinho antes de sofrer um acidente aéreo com sua banda em 1967.
//www.youtube.com/embed/P29E7YYMD7o