Alexandre Ferraz Bazzan
11 de fevereiro de 2019 | 20h17
Os primeiros registros comerciais de rap foram feitos em 1979 e de lá para cá tivemos nomes como Run DMC, Public Enemy, Tupac, Kendrick Lamar e tantos outros, mas só em 2019 uma música do gênero conseguiu levar o prêmio de canção do ano. This is America, de Childish Gambino(projeto do ator, compositor, produtor e roteirista Donald Glover), foi sucesso, virou meme e foi estudada. Algumas matérias chegaram a destrinchar as referências do videoclipe. O retorno foi histórico. Glover ainda abocanhou os gramofones de gravação do ano e performance de rap.
A força das mulheres. Ano passado, pela primeira vez, o prêmio de melhor disco não teve um homem branco concorrendo. O que parecia ser aumento de diversidade, se mostrou uma coincidência. O presidente da Academia de Gravações disse que as mulheres precisavam “dar um passo adiante” para justificar o pouco reconhecimento dado a elas e recebeu uma chuva de críticas.
Dua Lipa, que venceu o prêmio de artista revelação, lembrou a declaração infeliz: “Acho que esse ano nós demos um passo adiante”. Ironias a parte, o reconhecimento das mulheres realmente teve um salto. O número de gramofones recebido por elas subiu de 17, em 2018, para 31 neste ano.
As mulheres ainda tiveram algumas conquistas notáveis. Cardi B foi a primeira a vencer melhor disco de rap e poderia até ter vencido o disco do ano, que ficou para a cantora country Kacey Musgraves, com Golden Hour.
Emily Lazar foi a primeira a vencer melhor engenharia pelo trabalho feito em Colors, do Beck. Quem conhece bem o mercado fonográfico sabe que as posições técnicas, bem como as de chefia, são povoadas em sua maioria por homens. É um grande passo para a abrir vagas na indústria.
A noite ainda guardou algumas injustiças, como sempre, mas perto do desastre do ano passado, o resultado é positivo. Kendrick Lamar e Beyoncé seguem sem levar um disco do ano, mas talvez 2019 não fosse mesmo para isso.
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