Maria Fernanda Rodrigues
07 de novembro de 2020 | 03h00
É lidando com coisas aparentemente corriqueiras que vamos nos definindo e percebendo o que realmente importa na vida. Eufrates, livro de André de Leones finalista dos principais prêmios literários do ano passado, parte desta ideia e nos apresenta os amigos Moshe e Jonas, Miguel, pai de Moshe, e mais outros quase 20 personagens que se movimentam por cidades como São Paulo, Buenos Aires e Jerusalém num período que vai do final dos anos 1990 a 2013 – há um breve itinerário no início para ajudar o leitor a seguir seus passos.
A história dos dois amigos é contada em paralelo enquanto o autor vai criando uma teia de relações familiares e afetivas. Há momentos extraordinários, e trágicos, mas os personagens estão, na maior parte do tempo, lidando com questões como rompimento, mágoa e perdão – e tentando entender até onde é possível continuar convivendo com outro. O autor sugere, aqui, que se cuidarmos de nós mesmos e do outro ainda é possível ter uma convivência minimamente saudável, independentemente da turbulência que nos cerca e das nossas diferenças. Que apesar do desespero e do desânimo, pode existir apoio. Um livro, portanto, sobre amizade e família e sobre estar bem.
Já caminhando para o fim, num diálogo entre pai e filho, Moshe evoca Platão e relembra que a polis é a soma dos habitantes e que se cada pessoa não está saudável, não leva uma vida minimamente justa consigo mesmo e com o outro, ela não pode pretender que esse lugar, esse país, tenha saúde. Se cada indivíduo é doente, como a soma dos indivíduos vai ser saudável?
Autor: André de Leones
Editora: José Olympio
(392 págs.; R$ 64,90; 49,90 o e-book)
A Hedra fechou as portas da casa que ocupava na Fradique Coutinho, onde também funcionava a Casa Plana, no começo da pandemia, achando que voltaria em duas semanas, mas não reabriu – nem em março, nem agora. Mas há novidades. Nesse meio tempo, Jorge Sallum decidiu trocar a Vila Madalena pela Barra Funda e agora finaliza as obras para instalar sua livraria no Por Um Punhado de Dólares, café localizado na Rua dos Pirineus. Ela terá 170 m² e vai abrigar os livros das editoras do grupo. A editora passa a funcionar numa sala ali perto.
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