Maria Fernanda Rodrigues
19 de setembro de 2020 | 03h00
Uma jovem polonesa que, sabendo o que todos sabiam – que os alemães estavam chegando –, sente que tem que fazer alguma coisa e vai embora. Os que ficam não acreditam que o que está por vir vai ser diferente do que já viram. E todos são mortos. Ao salvar sua vida, ela salva a vida da filha, que nasceria anos depois, e dos netos e bisnetos. Jonathan Safran Foer é um de seus netos, e essa história ilustra bem o que o romancista americano defende em seu segundo livro de não ficção, Nós Somos o Clima: precisamos fazer alguma coisa. No caso, para salvar o planeta.
Ele tem uma sugestão, mas, antes de apresentá-la e de justificar sua urgência com dados alarmantes (e um capítulo dedicado a Bolsonaro e à Amazônia), o autor costura várias histórias para mostrar que essa crise é nossa e ela acontece agora; que é fácil entender sua gravidade, mas é mesmo difícil se deixar tocar já que o aquecimento global não vai nos matar; que é preciso algum sacrifício individual e uma ação coletiva, mais do que política, para que as próximas gerações tenham alguma chance – até de existir.
O que Safran Foer quer, e ele falou sobre isso em entrevista recente ao Estadão, é que todos se comprometam em não comer nada de origem animal até o jantar. Afinal, como ele coloca, se as vacas fossem um país, elas estariam atrás apenas da China e dos Estados Unidos na emissão de gases de efeito estufa. Um livro sobre um tema abstrato e chato, em suas palavras, mas bonito e tocante.
NÓS SOMOS O CLIMA
Autor: Jonathan Safran Foer
Trad.: Maíra Mendes Galvão
Editora: Rocco
(288 págs.; R$ 49,90; R$ 29,90 o e-book)
A próxima campanha do projeto Leia Para Uma Criança, do Itaú Social, vai mandar livros sobre o universo negro e indígena para 2 milhões de crianças em 2021. O edital será lançado em uma live na segunda, 21, às 15h.
Autora de ‘Outros Jeitos de Usar a Boca’ e ‘O Que o Sol Faz Com as Flores’, a instapoeta Rupi Kaur lança ‘Home Body’ (ainda sem título em português) pela Planeta em novembro.
Dois dos quatro livros do jornalista Rodrigo Rodrigues, que morreu este ano, vão voltar às livrarias pela Faro. São eles: As Aventuras da Blitz, publicado originalmente em 2009 pela Ediouro, e Almanaque da Música Pop no Cinema, publicado em 2012 pela Leya. Com esses dois títulos, a Faro inaugura o selo Edição Limitada, para obras que estavam fora de catálogo.
* A coluna sai de férias por três semanas
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