Maria Fernanda Rodrigues
11 de julho de 2020 | 03h00
Um dos nomes mais festejados da literatura francesa contemporânea, e da autoficção internacional, Édouard Louis foi apresentado ao leitor brasileiro em 2018, aos 25 anos, com seu romance de estreia O Fim de Eddy.
Louis leva o leitor para conhecer sua infância, sua família, o lugar onde ele cresceu como Eddy. E não tem nada de agradável nesse passeio. O sofrimento é simplesmente totalitário, como ele diz logo no começo.
Ao voltar à sua vida miserável em Hallencourt, uma ex-vila industrial de cerca de mil habitantes na norte da França, e contar como é se descobrir gay numa sociedade homofóbica, de extrema direita e falida, ele investiga as origens da violência – assunto que retoma em História da Violência, lançado este ano, e que também remete à sua experiência. Se nesse novo livro ele narra o estupro sofrido na véspera do Natal de 2012, quando quase morreu, no primeiro ele conta sobre a humilhação diária a que foi submetido em casa, na escola, em todos os lugares e em todos os momentos.
Foi a arte que ofereceu uma saída daquele inferno. Porque era bom de teatro – e ele disse em entrevista ao Estadão que descobriu isso aos dois anos como forma de sobrevivência – , ele foi fazer o Ensino Médio longe dali. Mais tarde, se formou pela École des Hautes Études en Sciences Sociales.
O título do livro remete ao seu rompimento com o garoto que passou a infância tentando ser. O Fim de Eddy, porém, não é só sobre ele, e não foi escrito apenas como forma de lidar com seu desamparo e passado traumático. É também sobre toda uma sociedade ignorada pela literatura francesa.
Ao remexer nessa história e reencontrar pessoas de seu passado, ele pôde compreender que toda essa violência vinha de uma história coletiva e de uma realidade maior: da forma como a sociedade exclui as pessoas e cria violência.
O FIM DE EDDY
Autor: Édouard Louis
Trad.: Francesca Angiolillo
Editora: Tusquets
(176 págs,. R$ 29,90; R$ 23,90 o e-book)
A escritora e ilustradora Silvana Rando, criadora do simpático elefantinho Gildo, que está fazendo 10 anos, é autora exclusiva do grupo Brinque-Book a partir de agora. Assim que os contratos dos livros antigos, publicados por outras editoras, forem expirando, eles serão reeditados pela nova casa, que já prepara dois lançamentos para o fim do ano: O Incrível Livro do Gildo e Socorro em: Uma Vida Nada Fácil. Socorro é uma barata, personagem dos livros do Gildo que se tornou xodó das crianças. Pela Brinque-Book, Silvana já tem 15 títulos que somam 300 mil exemplares vendidos – 130 mil deles são da coleção Gildo, incluindo ainda os livros interativos e os de banho.
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