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Literatura e mercado editorial

Obra sobre imigração e identidade vence prêmio árabe

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Com seu segundo romance - The Bamboo Stalk -, o kuwaitiano Saud Alsanousi venceu hoje o International Prize for Arabic Fiction. O anúncio foi feito em cerimônia em Abu Dabi, na véspera da abertura da Feira do Livro, a ser realizada entre amanhã e a próxima segunda-feira.

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Nascido em 1981, ele é o mais jovem entre os vencedores do prêmio criado em 2007 e conta, no livro, a história de José, filho de Josephine, filipina que se muda para o Kuwait para trabalhar como doméstica, apaixona-se pelo filho do patrão e engravida. A criança, rejeitada pelo pai, é devolvida ao país da mãe e só aos 18 anos vai atrás de suas origens. Imigração e racismo são o pano de fundo da obra, lançada pela libanesa Arab Scientific Publishers com o título de Saq al-Bamboo.

"O livro é sobre a dor de um garoto, sobre cultura e identidade. E a busca por identidade é igual em qualquer lugar. Por isso, apesar de a história se passar nesses dois países ela pode despertar o interesse de brasileiros, coreanos, de todos", contou o autor após a premiação.

Seu título concorreu com outros 132 de escritores de 15 países. Chegaram também à reta final: Sinan Antoon (Iraque), com Hail Mary; Jana Elhassan (Líbano), com Me, She and the Other Women; Mohammed Hasan Alwan (Arábia Saudita), com The Beaver; Ibrahim Issa (Egito), com Our Master; e Houcine El Oued (Tunísia), com His Excellency the Minister. Entre os temas abordados, estavam o extremismo religioso, a intolerância, a corrupção e a figura da mulher no mundo árabe.

Alsanousi, filho de mãe filipina, garante que The Bamboo Stalk não é autobiográfico. A motivação para escrever este livro veio de uma questão que o acompanhava e atormentava. "Estamos sempre vendo os outros por meio de estereótipos e eu não queria que fosse assim."

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Para criar José, passou um tempo no país de origem de seu personagem. "Enquanto eu estava escrevendo, eu era José. De todos os ângulos, eu tinha me tornado um filipino e queria viver e entender o sofrimento das pessoas. Como autor, tentei fazer o leitor sentir a dor do personagem por meio do romance", disse o tímido escritor.

Galal Amin, presidente do júri, sugeriu que empresas cinematográficas fiquem de olho no livro vencedor já que ele daria um bom filme.

O International Prize For Arabic Fiction tem o apoio da Booker Prizer Foundation e é considerado o equivalente na região ao prestigioso prêmio de língua inglesa. Alsanousi ganhou US$ 60 mil - US$ 10 mil por ter sido finalista (os outros cinco também ganharam) e mais R$ 50 mil por ter vencido - e deve ter o livro traduzido para o inglês em breve. 

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