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Música clássica decodificada

Semyon Bychkov e OSB em tarde mágica

Por Alvaro Siviero
Atualização:

A passagem da OSB pela Sala São Paulo na tarde de ontem causou excelente impressão. O experiente maestro Semyon Bychkov - que já regeu as Filarmônicas de NY, Viena e Berlim, Concertgebouw de Amsterdã e foi titular da WDR de Colônia por mais de uma década - mostrou o que de melhor pode ser encontrado nas duas sinfonias que compuseram o programa: a Sinfonia em si menor, D.759, a "Inacabada" de Schubert, e a célebre Sinfonia n.5 em dó sustenido menor, de Mahler. Aperformance da OSB salientou e explorou, de modo contundente, o abismo anímico existente entre as duas obras, desde a entrada soturna e cálida da obra de Schubert, com direito à sublime exposição temática realizada em pianíssimo pelos cellos e contrabaixos,até a explosão esquizofrênica realizada pelo trompete já na abertura da sinfonia de Mahler (Trauermarsch - Marcha Fúnebre), magistralmente conduzido ao limite do insano no terceiro movimento da obra (Scherzo). Os laivos de histeria no Allegro central do segundo movimento deixaram por alguns minutos a platéia em suspenso. Tudo coeso. Era uma história com começo, meio e fim que estava sendo contada a todos os presentes.

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Victor Hugo afirmou certa vez que a música expressa tudo aquilo que as palavras não conseguem exprimir e que não pode deixar de ser dito. Pois bem, a OSB ontem, com sua execução segura, afirmava a todos o que é que, neste momento, vale a pena: olhar para frente! Passado é passado. Apesar de ainda não serem poucas as interrogações que pairam sobre o grupo sinfônico, a OSB contou muitos de seus segredos, quase todos, nos 95 minutos de música que fabricou. Não sei dizer o motivo, mas durante a execução de Mahler, via na postura de cada músico uma clara tentativa de contar um pouco mais sobre os embates ao qual, em um passado não tão longínquo, o grupo sinfônico se submeteu. E era dentro deste contexto que eu buscava ouvir o que ainda não havia sido dito.

Dentro desta nova fase, chamou-me a atenção a nova linguagem visual da OSB em suas peças gráficas. Em tributo aos 90 anos do Modernismo, celebrados em 2012, tomei conhecimento (Bold Design) que três estão sendo os artistas homenageados: Burle Marx (responsável pela identidade paisagística da cidade do RJ), Paulo Mendes da Rocha (arquiteto e urbanista paulistano) e Athos Bulcão (colaborou com Niemeyer e Lucio Costa na construção de Brasília), referenciando as três cidades onde a OSB desenvolve sua temporada em 2012.

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