A Filarmônica de Bruxelas foi a primeira do mundo a substituir partituras impressas por tablets. Durante um concerto com casa cheia no Centro Cultural Flagey, a orquestra jogou, na frente da plateia, suas partituras para o alto, trocando-as pelos aparelhos móveis. Em vez de virar páginas, os músicos, tocando obras de Richard Wagner e Maurice Ravel, simplesmente passavam os dedos pela tela.
Em parceria com a Samsung e a empresa de software neoScores, a orquestra que ganhou destaque por sua participação no filme mudo O artista (Oscar de "Melhor Trilha Sonora" neste ano) e pretende substituir nos próximos anos todas as suas partituras impressas por uma versão digital.
"Há poucos meses, a Samsung nos abordou e perguntou se poderíamos imaginar a execução de peças musicais com o uso de tablets", disse ao portal Deustche Welle Michel Tabachnik, diretor artístico da Filarmônica. "Enquanto tocamos, só precisamos encostar na tela, para virar a página. E podemos até mesmo escrever na partitura - anotar os movimentos de arco para as cordas, onde se deve tocar um 'forte', ou todo tipo de indicação musical. É algo totalmente novo."
Mais leve e barato. A ideia ainda é nova e passa por uma fase de adaptação, relata Tabachnik, mas as vantagens são notáveis: no tablet, centenas de partituras podem ser armazenadas em um lugar só, tudo pesando menos de 1 kg - uma vez que o peso da enorme quantidade partituras pode ser um problema para os músicos, além da dificuldade de manuseio. Outro ponto positivo é o preço: as partituras digitais são mais baratas. Segundo dados da própria instituição, a Filarmônica de Bruxelas gasta cerca de 25 mil euros por ano com a impressão de partituras e partes orquestrais.
"Posso levar o tablet todo dia no trem e ir olhando a partitura mais uma vez", relata à DW o violinista Stephan Uelpenich. "As montanhas de papel no meu arquivo em casa ficam supérfluas - todos os meus estudos cabem nesse aparelhinho, é realmente inacreditável."
Para ouvir mais depoimentos e informações sobre o projeto, assista ao vídeo abaixo, da BBC: