Robert Crumb e Gilbert Shelton estarão na Flip
O primeiro falará sobre a HQ Gênesis; o Estado apurou que o autor de Freak Brothers também comparecerá
Raquel Cozer - O Estado de S.Paulo
E a entrevista que fiz com o Crumb no ano passado, quando ainda tava na Folha, por ocasião do lançamento do Gênesis no Brasil. Abaixo, um trecho besta de que gosto:
Folha - Já faz quase 20 anos que o sr. mudou para a França, certo?Crumb - Faz 18 anos.
Folha - Fala algo em francês?Crumb- Não falo nada em francês. Minha mulher fala. Não vou a cafés, fico em casa. Quero dizer, posso ir ao mercado livre e perguntar se há discos antigos: "Est-ce que vous avez des disques 78 tours?". Isso eu posso fazer. Mas não conversar.
Folha - Como é seu dia a dia? Imagino que não leia jornais...Crumb - Não. Ouço discos antigos e leio muitos livros. Virei um leitor voraz. Leio livros de jornalismo investigativo, que expõem meandros do sistema financeiro, da corrupção...
Folha - E os desenhos em parceria com a Aline, como funcionam?Crumb - Depende. Trabalho as ideias dela, passamos de um para o outro. Funciona bem. Aline é uma comediante judia nata.
Folha - O sr. acha que o traço dela melhorou ao longo dos anos?Crumb- Não... [risos]. Não ficou melhor do que era. Os desenhos dela são crus, mas são engraçados. O que você vê é tão honesto, primitivo...
Folha - Faz oito anos que os EUA sofreram os ataques de 11 de Setembro. Acredita que o país mudou?Crumb - É complicado. Foi a primeira vez que houve um ataque daquelas proporções nos EUA, supostamente de fora. Pessoalmente, acho que o governo americano estava envolvido. Muita coisa não foi contada. Aquilo não poderia ser feito sem a ajuda de alguém de dentro. Com todos os livros que li, sabendo o que sei sobre o mundo financeiro, militar... Não duvido de que tenham feito isso, ao custo de milhares de vidas.