PUBLICIDADE

Ainda sobre obra vs. biografia

Depois de muito ler aqui, no Facebook e no Twitter opiniões as mais variadas possíveis sobre o post O gênio e o monstro, pensei em alguns pontos sobre a questão:

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

1) Ela ficaria mais bem colocada da seguinte maneira: é justo celebrar um autor cujas atitudes ou convicções causem repulsa, mas cuja obra seja genial? (Lembrando que eu complementava: é justo desmerecer uma criação artística genial pelos desvios de personalidade de quem está por trás dela?).

PUBLICIDADE

Afinal, toda a polêmica sobre Céline está na celebração do autor, não da obra - a efeméride que motivou a discussão na França não é relacionada a algum livro dele, mas à biografia, já que diz respeito aos 50 anos de sua morte. Mesmo quem prefere analisar a obra sem pensar na biografia há de convir que a celebração por efeméride envolve a imagem do autor. É claro que essa homenagem pode ser feita com a contextualização de pontos positivos e negativos do pensamento do autor. A homenagem a Gilberto Freyre na última Flip, por exemplo, deu margem para uma boa discussão nesse sentido.

2) Meu editor colocou na sexta-feira uma questão (já analisada na ficção, como lembraram) que cheguei a levantar no Facebook, mas para a qual não tive resposta: Hitler, como muitos sabem, era escritor e desenhista frustrado. Se, em vez disso, tivesse deixado junto com seu legado político uma criação literária ou artística absolutamente genial... seria possível fazer essa separação?

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.