Ainda sobre a superprodução de livros no Brasil

 

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Por Redação
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 Foto: Estadão

Eu estava fora de São Paulo quando fechei a reportagem sobre superprodução de livros no Brasil, capa do Sabático da semana retrasada. Tinha pautado, com a autorização da Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record, fotos dos livros estocados no armazém que a Record precisa desocupar nos próximos meses - tanto Luciana quanto Sergio Machado, dono do grupo, sabem a dimensão do problema, para o qual ainda não encontraram solução, e falaram sobre ele mais abertamente do que eu poderia pensar e do que outros editores teriam coragem de falar. São as imagens do armazém, na zona norte do Rio, que ilustram este post. Não houve tempo de incluí-las na edição impressa.

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Durante a conversa, o Sergio Machado lembrou que, nos EUA, acontecem leilões de obras encalhadas para empresas que as distribuem para venda em saldões. Algo importante a se lembrar nessa questão é a força da cadeia produtiva em decisões como essa - a avaliação de livreiros é a de que saldões pode estrangular o mercado. A tradutora Denise Bottman argumentou ainda que a venda de sobras para reciclagem gera faturamento para as editoras, ao contrário da doação (por engano, escrevi "lucro", palavra que ela não usou, mas está devidamente corrigido).

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Com certeza, a questão de perder menos dinheiro entra nessa conta, mas não se pode negar que não é fácil achar instituição disposta a receber esse tanto de livros das imagens - vale destacar que essa é só uma parcela de uma quantidade muito, muito maior de livros encalhados no País. Lembro que o Toninho, meu colega na cobertura de literatura do Estadão, comentou meses atrás ter ouvido sobre escolas públicas que têm caixas e caixas de livros doados fechados, sem ter o que fazer com eles.

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Por último, é sempre bom ressaltar que incinerar, em vez de reciclar, é um método também usado. É a busca pelo menor prejuízo: entre estocar e jogar tudo fora, jogar tudo fora sai mais em conta.

Para quem quer ler mais sobre o assunto, o juiz Marcelo Semer repercutiu a discussão dias atrás em sua coluna no Terra Magazine. Nos comentários do post com a reportagem também há muitas opiniões e argumentos que valem a leitura.

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