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A coluna Babel de 30/4

[publicada no Sabático]

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Por Redação
Atualização:

BABEL

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Raquel Cozer - raquel.cozer@grupoestado.com.br

TRADUÇÃOA década em que a Argentina descobriu o Brasil

Em 2001, quando a Corregidor lançou a série Vereda Brasil, quase não se viam obras brasileiras na Argentina. Dez anos depois, a coleção abrange 20 títulos, com mais quatro para 2011, mas seu impacto foi além: ajudou a chamar a atenção de casas como a Adriana Hidalgo, Beatriz Viterbo, Delaflor e Cuenco de Plata para a produção daqui. "O argentino em geral sabe pouco da literatura brasileira, mas descobrimos um público interessado, especialmente universitário", diz María Fernanda Pampín, editora da Corregidor. Para o tradutor Eric Nepomuceno, que vai com frequência ao país, "nunca tantos brasileiros estiveram ao mesmo tempo em catálogos argentinos." Clarice Lispector é a mais publicada (pela Corregidor, Beatriz Viterbo e Cuenco de Plata), mas nomes mais recentes como Ronaldo Correia de Brito e João Gilberto Noll também têm espaço. Entre os próximos da Corregidor, estão Monodrama, de Carlito Azevedo, e Manual Prático do Ódio, de Ferréz.

QUADRINHOSO Tintin de Charles Burns

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Ficaram com a Quadrinhos na Cia,após longa disputa, os direitos de X'Ed Out, primeira HQ de Charles Burns desde a monumental Black Hole (2005) - carro-chefe da Conrad, atualmente esgotada. Lançada em inglês no ano passado, X'Ed Out (acima, à dir.) é o primeiro livro em cores do artista, uma semiautobiografia de juventude com toques de William S. Burroughs e declaradíssima influência do Tintin (acima, à esq.), de Hergé

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Aos fãs recomenda-se paciência. A editora quer publicar juntos os três títulos da HQ, e Burns, que agora trabalha no segundo volume, prefere não confirmar data nenhuma.

FLIP Menos brasileiros

Ignácio de Loyola Brandão aceitou convite da Flip para conversar com Antonio Tabucchi na mesa que o italiano terá em Paraty, em julho. O contato entre os dois é antigo: Tabucchi traduziu Zero, obra-prima de Loyola. A edição da Itália é de 1974, anterior mesmo à publicação (e censura) no Brasil.

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Tirando Loyola, que será uma espécie de mediador, só seis autores nacionais, incluindo João Ubaldo Ribeiro e Edney Silvestre, já receberam convite e confirmaram participação para falar sobre suas próprias obras - e esse cenário não deve mudar muito até o evento. No ano passado, dez brasileiros tiveram essa participação. Assim como em 2010, nas mesas sobre Gilberto Freyre, outros brasileiros falarão sobre o homenageado do ano, Oswald de Andrade.

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A Flip anunciou ontem a paquistanesa Kamila Shamsie e o inglês nascido no Caribe Caryl Phillips, totalizando, por ora, 20 estrangeiros, dos quais 16 foram anunciados pela organização.

FEIRA Mais espaço em Frankfurt

Se na Feira do Livro de Londres não se viu estande do Brasil, na de Frankfurt, em outubro, ficará mais fácil encontrá-lo. O espaço em que a CBL e a Apex-Brazil esperam reunir 50 editoras em outubro terá 180 m², 60 m² a mais que no ano passado. A ausência em Londres resultou de estudos de mercado: monta-se o estande quando há mais chances de vendas de títulos. Daí que feiras até menores que a londrina, como a Paris Cook Book Fair, são prioritárias.

DE VOLTA 1 Hemingway, repórter

A proximidade dos 50 anos da morte de Ernest Hemingway, em julho, estimulou a Bertrand Brasil a resgatar os títulos de reportagem do americano, Tempo de Viver e Tempo de Morrer, desaparecidos há décadas das livrarias - só se encontram em sebos on-line raros exemplares da edição de 1969 da Civilização Brasileira. Detentora da obra de Hemingway desde 1999, a Bertrand não reeditou até o momento somente esses livros, escritos durante a guerra, e outros dois ainda sem previsão, O Jardim do Éden e Morte ao Entardecer.

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DE VOLTA 2 O primeiro Shakespeare

Outra obra indisponível no mercado, o poema em 1.194 versos Vênus e Adônis, de William Shakespeare (1564-1616), está em tradução por Alípio Correia da Franca Neto e sai no fim do ano pela Leya. O poema narrativo, de 1593, inaugurou a carreira literária de Shakespeare e é considerado o mais célebre poema de amor em língua inglesa.

ROMANCE Dostoievki afegão

Imagine a S. Petersburgo de Crime e Castigo em Cabul e um Raskolnikov afegão chamado Rassoul. Foi assim que Atiq Rahimi, prêmio Gouncourt de 2008 por Pedra-de-Paciência, concebeu Maldito Seja Dostoievski, que a Estação Liberdade lança em setembro. Seu editor, Angel Bojadsen, estava perto quando o autor iniciou a obra, cheio de dúvidas sobre a apropriação da trama. Resolvido o dilema, ele abordou no texto a instrumentalização de Deus por grupos radicais e a condição feminina no Afeganistão.

CINEMADuas vezes Tarkovski

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Os diários russos de Andrei Tarkovski (1932-1986) saem no fim do ano pela É Realizações, que comprou ainda o roteiro de seu último filme, O Sacrifício (1986). Negociados diretamente com o filho do diretor, os diários trazem revelações dos últimos 16 anos de vida de Tarkovski, como o martírio que foi filmar O Sacrifício com o câncer já em estado avançado. As duas obras incluirão fotografias.

Colaboraram Antonio Gonçalves Filho e Ubiratan Brasil

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