Aos poucos, os fãs de humor voltam a se acostumar com o retorno de Tom Cavalcante. Um dos principais artistas do gênero no Brasil, ele passou uma temporada em Los Angeles (entre 2011 e o ano passado) e agora prepara sua volta à televisão – em junho, estreia o programa diário #PartiuShopping, no canal Multishow. Enquanto isso, Tom continua com a turnê de seu show No Tom do Tom, que volta a São Paulo para duas apresentações, nesta sexta, 15, e sábado, 16, no Teatro Bradesco.
Um dos maiores humoristas nacionais, Tom Cavalcante prepara um roteiro rígido para suas performances, baseado principalmente em notícias do dia, que servem também como fonte de improviso. E ele não vai dispensar as imitações de personalidades de TV, além de seus personagens mais conhecidos, como o bêbado João Canabrava, o velho contador de causos Venâncio e a desbocada doméstica Jarilene.
Aos 53 anos, Cavalcante é conhecido pelo zelo com o trabalho que, por ser raro e instintivo, faz lembrar do humor de Jerry Lewis, Eddie Murphy e Jim Carey. Situação bem distinta de quando iniciou a carreira, em 1983, dispensado ainda na seleção prévia do Show de Calouros de Silvio Santos. O talento nato, porém, era notável em casas de show, onde, certa vez, Tom quase não ganhou o cachê pois a dona do estabelecimento duvidou que fosse capaz de fazer tantas imitações – acreditava que estava dublando.
Dez anos depois, quando surpreendeu Chico Anysio com seu humor ao mesmo tempo inteligente e petulante, Cavalcante começou a lotar teatros com seus shows, até a consagração na TV com a Escolinha do Professor Raimundo, no qual vivia o famoso Canabrava, e com o programa Sai de Baixo, como o porteiro Ribamar.
Segundo sua filosofia de provocar riso, as pessoas dão risada de coisas pequenas, de bobagens. Sobre o assunto, Tom Cavalcante respondeu, por e-mail, as seguintes perguntas.
Para cada show, você acrescenta novidades, piadas em cima do que acontece hoje no Brasil e no mundo. Quando você define como será o show do dia: momentos antes de entrar no palco ou mesmo diante da plateia, se sente à vontade para improvisar?
O show tem um roteiro e textos que estudo exaustivamente. A condição de ter o domínio desses dois itens me dão a segurança de improvisar e voltar para minha marca. Sabedor de que o improviso é o caminho mais curto para o erro, só chuto para o gol com gramado em perfeitas condições (risos).
O humor hoje em dia tornou-se muito vigiado, até mesmo muito correto - é preciso cuidado para não ferir determinados segmentos da sociedade. Como faz para contornar isso?
Se os tempos pedem esse cuidado procuro preparar meus textos e revisa-los para não criar polemica gratuitas.. Tudo consiste em atuar e assumir os resultados. Existem temas que não posso deixar de fazer piada como por exemplo política. Se assim o fizesse, estaria roubando o riso do meu público e sendo acusado de corrupto (risos).
O stand up, ainda que praticado há décadas no Brasil (José Vasconcellos, Chico Anysio, Jô Soares, para citar alguns, já faziam isso), tornou-se mais comum hoje em dia. Isso modificou a forma como o público acompanha seus shows?
Considero estilos, aplaudo a chegada de novos formatos e rótulos, mas permaneço adepto da ideia de que a premissa é fazer rir.
O humor na TV parece seguir para o caminho dos quadros curtos, rápidos, muitas vezes sem bordões. O que pensa disso?
São experiencias bem inovadoras que avançam com o tempo. Acho válido.
Humor tem prazo de validade?
Penso que, para quem produz, não! O humor só se encerra no próprio ser humano. Vixe, agora filosofei...