Stephen King reforça a nova temporada de 'Under the Dome'

Segunda temporada da série inspirada em livro do americano estreia no Brasil no dia 28 de julho

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Por Mariane Morisawa
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WILMINGTON, EUA - Dar seguimento a uma série que fez sucesso é um dos grandes desafios da televisão. Under the Dome, que conta a história de uma cidade separada repentinamente do mundo por uma redoma transparente, alcançou números surpreendentes: uma média de 15 milhões de espectadores (incluindo os que veem nos serviços on demand) nos EUA. E há dificuldades extras. Primeiro, trata-se de um seriado de mistério com toques sobrenaturais, combinação traiçoeira no longo prazo. Segundo, o romance de Stephen King que serviu de inspiração, lançado no Brasil pela Suma das Letras com o nome Sob a Redoma, se passava num período de três semanas. Só os 13 episódios do ano passado já alcançaram a marca das duas semanas.

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Como prosseguir? É fácil, quando se usa uma arma secreta: o próprio Stephen King. Ele escreveu o capítulo inicial da segunda temporada, que estreia no Brasil no dia 28, às 22h30, no TNT. Para King, foi um misto de diversão e sonho tornado realidade. “Minha ideia original para o livro era que essas pessoas ficariam presas na redoma por meses, a ponto de ver os recursos diminuindo, a poluição aumentando, os carros sem combustível”, disse o escritor em entrevista na cidade de Wilmington, Estado da Carolina do Norte. “Mas é sempre o livro que me diz para onde ele vai. Mesmo longo, acabou com só três semanas. Então fiquei empolgado para saber para onde a história ia depois desse período.” O autor enxergou o convite para se envolver com o seriado como um cheque em branco. Teve até chance de fazer uma aparição à Hitchcock e “matar personagens”.

Na primeira temporada de Under the Dome, o surgimento repentino da redoma fez aflorar o melhor e o pior dos personagens. Dale Barbara (Mike Vogel), um ex-soldado que está de passagem e acaba de assassinar um homem, mostra-se mais confiável do que parecia à primeira vista. Já Big Jim Rennie (Dean Norris, de Breaking Bad), um sujeito disposto a ajudar a todos, aos poucos vai se aproximando do fascismo. King não hesita em compará-lo com Putin. 

O suspense, o terror e o sobrenatural, afinal, são a marca do prolífico Stephen King. A preferência pelo gênero é a chance de poder tratar de outras coisas. “Queria fazer de Chester’s Mill um microcosmo do nosso mundo, com redução de recursos, pressão por espaço, ambiente degradado. Nós mesmos estamos sob uma redoma”, explicou. 

Na primeira temporada deu para falar, de leve, sobre controle de armas. Na segunda, uma das questões é o que fazer quando a população é grande demais para seus recursos? Alguns propõem a eutanásia dos menos aptos. “Numa série como Under the Dome, uma fantasia, você pode falar sobre esses temas.”

Na opinião do autor, a TV é um território empolgante. “Ela da chance de contar uma história em profundidade e de desenvolver os personagens, o que eleva o nível. A televisão está ficando mais próxima da literatura, do romance.” 

“Meu maior desafio daqui para a frente é saber quando me calar”, comenta King. Seu maior medo? “O Alzheimer, porque meu cérebro é minha principal ferramenta.” E o dos americanos? “Os americanos têm medo de tudo.” Não deve faltar, portanto, matéria-prima para Stephen King. 

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