Série 'Supergirl' encabeça uma onda de heroínas

Novo seriado integrará um panorama cultural em que as mulheres com superpoderes estão melhor representadas

PUBLICIDADE

Por Dave Itzoff
Atualização:

Numa cena do episódio de estreia da série Supergirl da CBS (que será exibida no Brasil a partir de 4 de novembro, na Warner), baseada no personagem da DC Comics, uma assistente do noticiário, Kara Danvers (que é secretamente a heroína do título), desafia sua chefe, Cat Grant, numa importante questão semântica: Não deveriam chamá-la Superwoman? “Se a chamarmos Supergirl”, pergunta Kara (Melissa Benoist), “será que não seremos culpados de antifeminismo?”

PUBLICIDADE

Enfatizando que ela é também uma moça (girl) – poderosa, inteligente e atraente –, Cat (Calista Flockhart) responde: “O que você vê de tão ruim em ‘girl’?”. “Se você vê a Supergirl como uma pessoa menos que excelente”, pergunta Cat, “será que, na realidade, o problema não é você?”

Esse debate maluco e, ao mesmo tempo, sincero que se passa em Supergirl reflete a discussão que vem ocorrendo nas histórias em quadrinhos, na TV, no cinema. Quando Supergirl estrear nos EUA, no próximo dia 26, passará a fazer parte de um panorama cultural em que as super-heroínas estão sendo melhor representadas do que jamais foram: onde elas têm quase a mesma oportunidade de corrigir os erros e combater o crime – e interpretar os papéis principais em suas próprias histórias – como seus musculosos colegas masculinos.

No meio século desde que a Supergirl foi introduzida como uma prima kriptoniana de Superman, a indústria editorial fervilha de heroínas e vilões com suas próprias revistas. Essas mulheres de ficção ainda são analisadas pela maneira como representam seu gênero, o que não ocorre, em geral, com os super-heróis, e a inclusão de que desfrutam nas páginas das revistas não significa que possa ser igualada à sua inclusão na tela. Embora Supergirl deva ser acompanhada neste fim de ano na TV por Jessica Jones da Netflix, não há planos para novos filmes baseados nas super-heroínas da DC e da Marvel nos anos futuros.

Mas os criadores e produtores de todos esses veículos concordam que tem havido progresso, e que o apetite do público por essas campeãs está sendo saciado por uma crescente oferta de personagens e histórias. “Não acredito que o fato de as mulheres serem poderosas seja uma novidade”, disse Ali Adler, produtor executivo de Supergirl.

No nascimento dos quadrinhos sobre super-heróis, antes da 2.ª Guerra Mundial, não se questionava que personagens como a Mulher Maravilha autoritária pudessem estrelar essas histórias, e não serem simplesmente mostradas como paqueras ou donzelas em perigo. “Elas eram agressivas, assumiam responsabilidades e tinham suas próprias aventuras”, disse Gil Simone, que escreve para a série da DC como Batgirl e a Mulher Maravilha.

Mas, com o tempo, ela disse, “foram enfraquecidas”. “Lois Lane se tornou um personagem que só queria saber de casar com o Super-Homem.”

Publicidade

Embora Supergirl ofereça uma mistura de ação, considerada domínio exclusivo do público masculino, além de um drama de relacionamento – em geral, considerado mais atraente para o público feminino –, Greg Berlanti, também produtor executivo da série, disse que essas supostas barreiras não são tão rígidas. “As mulheres apreciam a ação e os homens, as histórias em que entra a emoção. Todos eles têm a capacidade de cruzar a fronteira do gênero.” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.