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Programa 'Metrópolis', da TV Cultura, comemora 30 anos no ar

Atração dedicada exclusivamente ao mundo das artes celebra aniversário com evento em SP e exibição de programa especial

Por Adriana Del Ré
Atualização:

Na estreia do programa Metrópolis, que foi ao ar na TV Cultura no dia 4 de abril de 1988, uma das atrações foi uma certa cantora então desconhecida, chamada Marisa Monte, que se apresentou com a banda Nouvelle Cuisine. O apresentador e repórter Cunha Jr., que só entrou no programa dois anos depois, em 1990, lembra bem daquele começo. “Eu era telespectador assíduo do Metrópolis durante os dois primeiros anos do programa, 1988 e 89, porque o programa era descolado”, conta ele. “Víamos desde grandes nomes até gente que estava iniciando a carreira, como a famosa apresentação de Marisa Monte no primeiro programa, quando ela ainda não era conhecida, nem tinha lançado ainda o primeiro disco.”

Trinta anos depois daquela estreia, Cunha Jr. se junta a Adriana Couto, também apresentadora e repórter do Metrópolis, para comandar o evento especial de aniversário do programa, que será realizado para convidados nesta terça-feira, 10, no Auditório Ibirapuera. Entre os nomes ilustres já confirmados para a festa, estão Fafá de Belém, Tiê, Bráulio Mantovani, Tadeu Chiarelli, As Bahias e a Cozinha Mineira, Antonio Nóbrega e outros. Os melhores momentos do evento serão exibidos num programa especial, que vai ao ar no próximo domingo, 15, às 19h30, na TV Cultura. 

Trio. Cunha Jr., Hélio Goldsztejn e Adriana Couto. Foto:GiovannaGaddini/TV Cultura 

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Único programa no ar na TV aberta exclusivamente dedicado às artes, o Metrópolis passou por vários formatos ao longo desses anos, “com diferentes apresentadores e editores”, enfatiza Hélio Goldsztejn, diretor do programa desde 1995. “No início, o programa era voltado mais ao estúdio, os eventos aconteciam lá dentro. Depois, nos voltamos mais às reportagens externas. O Metrópolis surge quando o telespectador quase não tinha opções para se informar sobre arte na TV.” 

Para Goldsztejn, essa iniciativa ampliou as possibilidades de divulgação dos trabalhos diariamente em cartaz e o trabalho já existente na mídia impressa. “Com esse DNA, passamos a conviver com as novas tecnologias, e tratamos de nos diferenciar e selecionar, entre as milhares de opções hoje, o que consideramos que vale a pena ser visto, lido, ouvido, observado. Mostrar as opções, as nossas sugestões nesse emaranhado fantástico de cultura de entretenimento, sempre com leveza e entretenimento”, comenta ele. “Debates fazem parte do programa. Exemplos recentes: assédio, nudez nas artes, biografias, marco civil da internet, censura, diversidade, igualdade de sexos.”

Marisa Monte na estreia do programa, em 4 de abril de 1988. Foto:FlavioBacellarCedocFPA 

Nesses 30 anos, além das mais de 7 mil edições do Metrópolis que foram ao ar – e de sua vasta lista de entrevistados e reportagens –, o programa conseguiu montar a Coleção Metrópolis, composta por cerca de 200 obras, de artistas como Leda Catunda, Beatriz Milhazes, Tomie Ohtake e Rodolpho Parigi, que, quando não estão na sede da TV Cultura, ficam em exposição em museus e galerias. 

Momentos. Assim como Cunha Jr., Adriana Couto, antes mesmo de integrar a equipe do programa, em 2009, já tinha estabelecido uma relação afetiva com a atração. “O Metrópolis entra na minha história, pela primeira vez, no início dos anos 1990. Momento em que eu estava no ensino médio. Foi um período de muita curiosidade para mim”, conta ela, lembrando ainda que, como telespectadora, admirava em especial o trabalho dos apresentadores Cunha Jr. – com quem divide a apresentação do programa – e Lorena Calábria. “Era o início da internet, eu morava na periferia de São Paulo. Na minha casa, sempre teve muita música, de todos os tipos, mas eu não ia ao teatro, ia pouco ao cinema e raramente a exposições. O Metrópolis era uma das minhas janelas preferidas para um outro mundo que eu estava enxergando fora do meu bairro.”

Quentin Tarantino.Cunha o entrevistou em 1992, antes da fama; em 2015, os dois se reencontraram. Foto: Arquivo pessoal 

Já como repórter e apresentadora do programa, Adriana colecionou outras boas lembranças. “Estou pensando em entrevistas que me tiraram o sono... Acho que as duas vezes que entrevistei a Gal Costa e uma vez que entrevistei o Paulinho da Viola. Artistas que têm uma trajetória gigante, de quem sou muito fã. Os dois cantaram no estúdio e o Fernando Faro foi ver as duas entrevistas. Pra matar do coração”, diz ela, citando apenas alguns exemplos. E, em 28 anos de programa, Cunha Jr. consegue eleger seus momentos marcantes? São tantos: o papo com um Ozzy Osbourne tranquilo e simpático; a conversa com a tímida Yoko Ono – e como quebrou o gelo falando que tinha assistido ao show de seu filho, Sean Lennon, no Brasil; a façanha de entrevistar Chico Buarque na Feira do Livro de Frankfurt... Dá para escrever um livro, ele diz. 

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E a pergunta inevitável: qual o segredo da longevidade do programa. Cunha Jr. arrisca uma explicação: “Acho que o Metrópolis, desde que estreou até hoje, sempre mostra o consagrado ao lado do que é novo. Nunca tivemos medo de apostar em novos artistas, novas tendências, e isso atrai uma parcela interessante de audiência em qualquer época”.

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