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O efeito Paulo Coelho

Por Mário Viana
Atualização:

Escrever uma coluna sobre novelas tem conseqüências inesperadas. Os amigos telefonam, estranhos escrevem, todos opinam. E você acaba por descobrir que, assim como no futebol, o brasileiro é especializado em tele-folhetins. Com isso, fico sabendo que Igor Garcia, rapaz de 23 anos, montou um site na internet sobre a cantora Miúcha - tema da coluna passada. O endereço é www.miuchanet.cjb.net, pra quem estiver interessado. Outros me questionaram sobre Miúcha ser "apenas" mãe de Bebel, mas convenhamos que isso já seria um grande feito. Provocar as pessoas a se manifestarem é outro grande passo. O engraçado, mesmo, de escrever sobre novelas é ouvir a opinião alheia. As novelas batem no telespectador, cada uma de um jeito. A mesma Paraíso Tropical que estimula L.S. dá sono em C.F., mas todos continuam assistindo ao trabalho de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Outros falam das novelas da Record, como quem toma a revolucionária atitude de "não ver mais a Globo". Isso é bobagem. Primeiro, porque ninguém faz revolução com o controle remoto. Depois, Globo e Record lutam por pontos no Ibope e faturamentos publicitários. Por isso, investem em dramaturgia: contratam autores, atores, técnicos. Mais tímidas, SBT e Band seguem na mesma toada, para alegria dos milhares de noveleiros que pipocam por todo canto. Esquisito mesmo é quando ninguém fala de novela. Ou de uma novela, em especial. Eterna Magia, por exemplo. A produção é caprichada - alguns bons atores, figurinos impecáveis, cenários lindos. A gente fica com a impressão que nos anos 40 tudo era mais limpinho e as pessoas usavam os pronomes nos lugares certos. Para quebrar o jejum, a serelepe N.F. me telefona. Confessa-se espectadora fiel da novela das 6 e pergunta: por que será que novelas espíritas dão ibope e novelas sobre feitiçaria, não? Esperta, a própria N. dá a resposta. "A culpa é do Paulo Coelho", ataca. "Em 1998, a TV Manchete fez Brida, baseada num livro dele. A novela e a emissora foram pras cucuias." A análise, arguta, prossegue. "Agora, Paulo Coelho em pessoa fez um mago em Eterna Magia. E a novela não emplaca." Vejam só. Num simples telefonema, a gente descobre que "Paulo Coelho", no dialeto das valentinas irlandesas, significa "pé frio".

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