O dia em que o bardo falou, mas não muito

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Por Jotabê Medeiros
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Uma voz ao fundo pergunta: "Poderia fazer uma rima com laranja?". Bob Dylan ri, passa a mão no queixo, dá um trago no cigarro e vira-se em busca de outra pergunta salvadora. Que tipo de jornalista pergunta "poderia fazer uma rima com laranja?". Muitos, podem acreditar. Em coletivas de imprensa, o improvável acontece. Mas nenhuma coletiva de imprensa do planeta será capaz de se comparar a essa aqui. Dylan Speaks - The Legendary 1965 Press Conference in San Francisco (lançamento ST2 Vídeo), um documento que mostra o cantor e compositor Dylan na única coletiva de imprensa da carreira. Tinha 24 anos e avião próprio. Por que Dylan Speaks é tão especial? Porque narra como nasceu uma lenda rock. Dylan, irônico, não tinha nada contra a imprensa, muito pelo contrário. Entre os entrevistadores, estava o poeta Allen Ginsberg. Durante 50 minutos, Dylan firma seus princípios: não buscou o sucesso, ele veio voluntariamente; não há respostas nas canções, apenas um ponto de vista. Recusa o papel de herói da contracultura. Os entrevistadores estão estupefatos. Aparece um cara de chapéu com uma pena no alto, e Dylan ri. "De onde saiu você?". Ora, da panacéia que foram os anos 1960.

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