LOS ANGELES - Sarah Jessica Parker não só está de volta à televisão, como ao canal em que se consagrou como Carrie Bradshaw em Sex and the City. Mas, no lugar da solteira que tinha uma vida glamourosa enquanto procurava o amor em Nova York, ela agora interpreta Frances, uma mulher casada há mais de uma década com Robert (Thomas Haden Church), mãe de dois adolescentes e moradora de um subúrbio.
Logo no primeiro episódio de Divorce, que estreia na HBO à 0h03 do domingo (9) para segunda (10), durante uma briga homérica de sua amiga (Molly Shannon) com o marido (Tracy Letts) durante uma festa, ela diz a Robert que quer o divórcio. A série, com produção executiva da atriz, piloto escrito por Sharon Horgan (da série Catastrophe) e Paul Simms como showrunner, trata desse assunto como uma mescla de drama e comédia. “Sharon encontrou uma verdade que permite tanto o humor como a mais profunda tristeza”, disse a atriz em conversa com o Estado, em Los Angeles.
Como é voltar à TV?
É fantástico. Sempre expressei meu afeto pelo meio. Eu amo televisão. Amo suas limitações, a urgência, a velocidade em que temos de trabalhar. Adoro a oportunidade única de interpretar um papel por muito, muito, muito tempo. Adoro ser produtora de televisão. E é particularmente especial para mim estar de volta à HBO (mesmo canal de ‘Sex and the City’). Claro que a primeira temporada de uma série é recheada dos mais maravilhosos desafios. Estou tão acostumada a trabalhar com Michael Patrick (produtor de ‘Sex and the City’), tive de desenvolver uma linguagem com nosso showrunner Paul Simms, e esse foi o principal desafio.
Estava procurando uma nova série de televisão?
Não. Era apenas uma produtora em Divorce, não ia interpretar Frances. Só depois de muitos anos trabalhando no projeto é que percebi que todo o mundo achava que eu ia fazer Frances. Eu tive de dizer: “Eu vou interpretar Frances?”. Porque eu estava pensando em várias outras atrizes, que não vou mencionar agora (risos). Tive de pensar um pouco, porque era muita coisa produzir e protagonizar. Sabia quanto tempo, energia e comprometimento exigia, e o que isso significava para minha família. Mas foi difícil dizer não.
Sentiu a necessidade de provar que Divorce não é Sex and the City 2.0?
É engraçado, eu não pensei nisso como um peso. Quando começamos a conversar, logo entendi que esta questão ia existir. Mas, quando você analisa a personagem, ela é tão diferente, sua vida, suas escolhas, seus arredores, sua situação econômica. Sua relação com um homem, com a moda, com outras pessoas, suas amizades têm um tom muito diferente. Mas não fizemos isso para sermos diferentes. Porque aí é um beco sem saída. Tínhamos de contar nossa história sem ter isso na cabeça. Reconheço que ainda tenho a minha aparência e meu andar, então aquela pessoa se parece com a Carrie e também com a Frances. A narrativa é muito diferente. Havia uma frivolidade maravilhosa em Sex and the City que não existe aqui. Não estou na defensiva, me sinto confortável em destacar as diferenças.
Acha que a história de Divorce é mais trágica no fundo?
Ainda não tenho certeza se é trágica. É uma evolução. A jornada do divórcio pode ser longa e cansativa, e o resultado ainda não é conhecido. Claro que há as feridas provocadas por cada um dos cônjuges e os efeitos nos filhos, mas, quem sabe, talvez seja possível se recuperar. A primeira temporada não define se a história é trágica.