Multishow põe no ar 'Trair e Coçar É Só Começar'

Em cartaz há 29 anos, peça estreia como série de 15 episódios, agora com Cacau Protásio como Olímpia

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Por Cristina Padiglione
Atualização:

RIO - Peça que virou filme e não perde o cartaz no teatro há quase 30 anos, Trair e Coçar... É Só Começar chega à TV em formato de série, preservando a plateia, a boca de cena e o texto final do autor original, Marcos Caruso. O Multishow, canal que tem se sagrado pela busca do riso, põe no ar nesta segunda-feira, 24, aquela que deve ser a primeira de uma safra de temporadas com as confusões criadas pela empregada Olímpia, agora na voz de Cacau Protásio. São 15 episódios, de segunda a sexta, às 22h30.

A atriz, não custa lembrar, ganhou fama defendendo outra empregada uniformizada, a Zezé, que dava ainda mais graça à mansão de Tufão e Carminha na novela Avenida Brasil, onde contracenava com Caruso. Personagem mais que periférico na trama, sua Zezé foi motivando o autor a lhe escrever mais e mais diálogos ao longo do folhetim. “O João Emanuel disse mesmo que eu o obriguei a escrever mais para a Zezé”, confirma Cacau ao Estado, em um intervalo entre a primeira e a segunda gravação do 14.º e penúltimo episódio desta temporada, na quarta-feira passada.

Vaudeville. Série valoriza roteiro, em cenário de 2 andares Foto: Juliana Coutinho/Divulgação Multishow

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Cada capítulo, que terá 45 minutos no ar, tomou três dias de expediente do elenco: um dia de leitura e marcação, outro para ensaio e um terceiro para a gravação, primeiro sem plateia, depois com público presente. O cast fixo se completa com Cássio Scapin e Márcia Cabrita, o casal de patrões de Olímpia, Gorete Milagres, Marcelo Flores, Daniele Valente e Vinicius Marins. A direção-geral é de César Rodrigues, que divide a direção com Caetano Caruso, filho de Marcos, e os episódios foram todos gravados no Teatro Bloch, no Russel, Rio de Janeiro.

Na transferência do palco para a TV, o cenário mantém a característica de teatro, o que faz da versão uma sitcom, mas aqui com dois andares: um para o apartamento de Inês (Márcia) e outro para a cobertura do “doutor Edu” (Cássio), como o chama Olímpia. Bem acabada, a cenografia tem até elevador para conduzir os personagens de baixo para cima e vice-versa, além de uma escadaria, do lado oposto, com ocupação de espaço bem solucionada para a TV. 

Conhecedor da peça original de longa data, Cássio Scapin assistiu à montagem teatral pelo menos por duas vezes, sendo a primeira já com Denise Fraga. “É um clássico do vaudeville paulista, termo francês, que significa ‘o olhar da vila’, o ‘olhar da cidadezinha’, e fala do cotidiano deste casal que tem essa empregada, a Olímpia. Ela funciona como estrutura de comédia dell’arte, arlequim servidora de dois amos, que arma todas as tramoias, as peripécias, e ela mesma resolve.” Para o ator, aí está um enredo capaz de divertir uma plateia que vai dos 5 aos 50 anos, algo raro de se ver na TV atual. 

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Comédia popular, de rápida absorção na compreensão do público, Trair e Coçar transformada em série poderia ser vista como iniciativa de entusiasmo de um canal que viu sua audiência quebrar todos os recordes com outro programa de humor, o Vai Que Cola. A direção de ambos, afinal, é do mesmo César Rodrigues, sem falar na presença de Cacau Protásio nos dois títulos. As semelhanças, no entanto, param por aí, e é o próprio diretor quem explica.

“Aqui, a narrativa é pra dentro. O Vai Que Cola é pra fora, ele se comunica diretamente com a plateia, que é um personagem do programa, atua com os atores. Aqui, não. Obviamente, a plateia aqui também ri, gargalha, mas em nenhum momento eles (atores) se entregam pra plateia e fazem uma piada com o público. Aqui é mais sitcom, a correspondência da atuação entre eles é mais importante, porque não é piada sobre piada, é situação que gera situação.”

Caetano Caruso completa: “A piada se dá pela matemática do texto, é tudo muito marcado”. Até por isso, não há uma supervalorização dos erros em cena, como ocorre no Vai Que Cola. “Aqui os diálogos são rápidos, curtos, é fogo de fazer, por isso ensaiamos mais. E o roteiro é o personagem: os atores se destacam por conduzir bem essa narrativa”, completa Rodrigues. 

RECORDE

Peça que figura no Guiness Book como a que mais tempo ficou em cartaz no teatro brasileiro, ‘Trair e Coçar... É Só Começar’ estreou em março de 1986, mas o texto de Marcos Caruso é de 1979. Excursionou por 22 estados brasileiros, além de Estados Unidos, e se notabilizou pela capacidade de atrair muita gente ao teatro pela primeira vez. Olímpia foi vivida por 12 atrizes, a começar por Denise Fraga, passando por Suely Franco e Adriana Esteves, que viveu a doméstica no filme homônimo, em 2006, sob direção de Moacyr Góes. Desde 2005, sua intérprete no palco é Anastácia Custódio, agora em cartaz no UMC, em São Paulo. Nessa jornada, mais de 9 milhões de espectadores já viram Olímpia, plateia que há de se multiplicar em larga progressão com a chegada à TV.

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