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Maurício Meirelles produz talk show com desconhecidos nas ruas de São Paulo

Cansado dos famosos, repórter do 'CQC' foi atrás dos anônimos no 'Tosco Show'

Por João Fernando
Atualização:

Enquanto seus colegas de stand up comedy disputam celebridades em seus programas de entrevistas, Maurício Meirelles - que também fica atrás de famosos quando está no CQC - resolveu bater papo com desconhecidos e colocar no ar, pela internet, o Tosco Show. “A TV está repleta de talk shows. Como eu sou tosco, pensei: por que não fazer com passantes?”, explica.

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Em seu programa, cujos vídeos duram menos de dez minutos, o humorista aborda pessoas em pontos de ônibus de bairros menos abastados de São Paulo e começa a conversa. “Lá é o lugar onde se conhece as pessoas. Rende quando a pessoa é de uma classe mais popular. Esses caras têm mais histórias do que quem mora em condomínio”, alega o carioca, que não faz ninguém perder a viagem. “O ônibus chega e a entrevista acaba. Tenho sorte de morar no Brasil porque o ônibus sempre demora”, debocha.

Como não dá para montar um estúdio na rua, o apresentador improvisa. “Levo o cenário feito de xerox. Gasto R$ 150 para produzir”, detalha ele, que publica esta semana a terceira edição do Tosco Show. Meirelles afirma querer ir na contramão dos rostos de artistas bem-sucedidos mostrados na TV. “Gosto de algo voltado para um público mais popular e outras coisas que a TV não dá atenção. Por que não falar de histórias de fracassados?”, propõe.

O bate-papo é interrompido por textos que surgem na tela, supostamente escritos pelo editor, e que alfinetam o apresentador. “A ideia é eu ficar por baixo do entrevistado”, justifica ele, que diz ter cuidado ao conversar com os desconhecidos. “Ontem, por exemplo, foi com um morador de rua, com uma super história. Não dá para fazer chacota”, defende Meirelles, raramente reconhecido por quem aborda nas ruas. “Em lugares como a Praça da República, há um pessoal que não sabe o que está acontecendo. Alguns me reconhecem pelo comercial (de pasta de dentes) que passa no intervalo da novela.”

Bem-recebido pelos anônimos, ele não tem o mesmo tratamento por parte das celebridades, com quem precisa fazer piada. “Funciona de outra maneira. Tem cara que faz Malhação e acha que tem o rei na barriga. Perdi a paciência, não fico puxando o saco. Alguns se colocam num pedestal, acham que são intocáveis. Prefiro quem brinca comigo”, desabafa.

Segundo ele, a produção intensa na internet não tem a ver com a vontade de sair do humorístico da Band. “Estou bem no CQC, mas adoraria ter outro programa. Explorar o anônimo é uma sacada que gostaria de usar”, revela. Entretanto, tem preferido a web pela facilidade de colocar as ideias no ar. “Na TV, tem de ter temporada patrocinada. A internet quebrou esses paradigmas. Nossa intenção é fazer acontecer na internet.”

A rede tem sido o caminho para levar ao público as composições da Banda Renatinho, grupo musical que ele mantém com os também comediantes Tatá Werneck e Murilo Couto. As agendas de gravação dos artistas, cada um de uma emissora diferente, é que os impedem de gravar mais canções. “Só falta música. Os fãs, a gente já tem.”

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Além dos shows de stand up comedy, Meirelles tem faturado com publicidade, atuando como estrela e redator. Em um dos comerciais, aparece em países como México e Ucrânia, dublado nos respectivos idiomas. “Estou melhor que quando fazia jingles. Rico é uma palavra forte. Hoje, um apartamento custa R$ 1 milhão. Quando comecei a ganhar dinheiro, as coisas ficaram caras.”

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