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Exclusivo: 'No futuro, a Netflix pode ser uma saída para filmes médios e pequenos', diz diretor

Ted Sarandos, na Netflix desde 2000, fala ao Estado sobre o futuro da plataforma de streaming

Por Pedro Antunes
Atualização:

Na Netflix desde 2000, Ted Sarandos foi testemunha da mudança do que se entende por “televisão” na última década. A empresa na qual trabalha deixou de enviar DVDs para os clientes para chegar pela internet, sob demanda. Atualmente o diretor de conteúdo original, é por ele que passam séries como House of Cards, Narcos, cuja terceira temporada estreou na última sexta-feira, 1.º, Stranger Things e as brasileiras 3% e O Mecanismo, a nova produção seriada de José Padilha. 

Cena do filme Okja Foto: Netflix

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O próximo passo do plano de expansão da Netflix é investir nos filmes originais – e já passaram por uma polêmica quando duas produções deles integraram a seleção oficial do Festival de Cinema de Cannes e foi rejeitado pelo presidente do júri deste ano, Pedro Almodóvar. Confira

Na Netflix, tem um grande lançamento de cinema no fim do ano, Bright, com Will Smith, e dirigido por David Ayer. É um filme de fantasia, bem cinemão, diferentemente de Okja, que vocês estrearam recentemente.  E Okja tem sido um sucesso no Brasil. Bright é um filme que estaria em qualquer estúdio grande, cheio de efeitos. 

Exato. E Bright me parece oferecer uma experiência que funcionaria bem nas telonas, não?  É um filme muito bem escrito, muito original. No cinema, hoje, temos franquias, sequências, histórias baseadas em livros. O que pensamos é que não são todos que moram próximos a um cinema. Até vamos lançar em pequenos mercados, mas se você quiser assistir a Bright, será na Netflix. Não faria sentido para nós colocarmos o filme em cartaz primeiro. O dinheiro das assinaturas pagou pela realização. 

Ted Sarandos, diretor de conteúdo da Netflix Foto: Edi Aguirre

E como você enxerga a Netflix nesse mercado no futuro?  Acho que os filmes se tornarão ainda mais eventos, em grandes telas de Imax e tal. Com isso, o preço do ingresso vai subir. Filmes grandes se tornarão ainda maiores. E filmes pequenos, ainda menores. A Netflix pode ser uma plataforma para esses filmes que podem cair fora do jogo. E para filmes médios também. 

Queria entender como foi a chegada da Netflix ao Brasil, em 2011. O que encontraram?  Tivemos reuniões com emissoras a respeito de compra de conteúdo. E eles todos ficaram muito empolgados, afinal, éramos compradores. Já a Globo, quando nos reunimos com os executivos deles, apresentamos o projeto e eles nos disseram: ‘Boa sorte com isso’. Até hoje não nos vendem conteúdo para ser exibido no Brasil. O Brasil foi um ótimo lugar para começar a expandir nosso terreno justamente por isso: um território enorme com uma grande empresa de mídia. 

Stranger Things é um sucesso, mas há teorias, na internet, a respeito de como a Netflix criou a série a partir da pesquisa de comportamento do público. Ouviu falar dela?  (Risos). São lendas, não é? Nós usamos as informações do consumo de usuários para saber o quanto investir na série. Conseguimos, com isso, saber com mais precisão qual será o tamanho do alcance. Acontece que, para as emissoras de TV, não é possível fazer uma série adulta com crianças como protagonistas. Os irmãos Duffer (criadores da série) tentaram outras emissoras e não conseguiram. 

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Se existem blockbusters como essas séries, Stranger Things e House of Cards, o que as produções locais podem acrescentar?  A audiência quer poder se ver na tela. Gente que fale com elas. O público no México é diferente do brasileiro.