Corra, que o zapping vem aí

A MTV puxa o cordão dos canais que se rendem ao tempo de internet: a ordem é fragmentar

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Por Gustavo Miller
Atualização:

A TV brasileira acostumou-se durante décadas com programas que tinham uma ou meia hora de duração. Desde o ano passado, essa "regra" foi por água abaixo. Nos canais fechados, pipocaram alguns programetes de 10, 15 minutos. E deu supercerto!   Veja também: Humor de cara limpa Que o diga a MTV: na nova grade de programação, estreando amanhã, estão 8 atrações de 15 minutos, o dobro de 2008! E tem mais: a ESPN Brasil lança até abril dois semanais de 15 minutos; o Canal Brasil põe no ar, até o fim do primeiro semestre, 2 programas com o mesmo quarto de hora. Dois fatores endossam a tendência. A primeira é o "tempo de internet". Com a palavra, Raquel Affonso, gerente de Programação e Produção da MTV Brasil: "Nos rendemos à internet, nosso target maior é o jovem. Esse público é muito conectado, assiste à TV com várias janelas abertas: um site, o MSN, o Skype... A televisão concorre com isso." Tecla SAP: como esses programas são bem curtos, eles também se dão bem em outras mídias, que exigem uma abordagem mais ligeira e direta. "Eles tiveram o dobro da média de audiência daqueles de uma e de meia hora. E ainda foram hit na rede", comemora Raquel. O grande exemplo é o 15 Minutos. O humorístico de Marcelo Adnet é a maior audiência do canal e de seu site - fora a febre no YouTube. Sucesso semelhante, mas sem as mesmas proporções, tem o Larica Total, do Canal Brasil. A ESPN Brasil tem em sua programação o Planeta EXPN, uma faixa diária dedicada aos esportes radicais. Nos seus últimos 15 minutos há sempre um programa especial à parte. O motivo? Adivinhem... "Nosso público é de internet. Quem acompanha uma competição, como o WCT de surfe, já faz isso pelo site do campeonato há anos", diz Renata Netto, editora-chefe do Núcleo EXPN. "Pesquisas internas mostram que nosso público fica, no máximo, 16 minutos vendo o programa", continua. De olho nessa audiência, o canal terá no fim de março a estreia de Game Up, semanal de 15 minutos sobre videogames. "Sou fã do Larica e do Adnet. Talvez eles tenham me influenciado inconscientemente", ri José Trajano, diretor de Programação e Jornalismo da ESPN Brasil. Ele explica o segundo motivo para a aposta pelos programetes: são um ótimo curinga na hora de montar uma grade televisiva. " Nossa programação precisava de uma respirada. Era só jogo de duas horas, cobertura de uma hora...", enumera. "É uma solução interessante para o grande intervalo que temos entre a exibição de dois filmes", diz Alexandre Cunha, gerente de Programação do Canal Brasil, que tem em seu baralho as seguintes cartas de tiro curto: Catálogo, Estúdio 66 e Larica Total. Já para o GNT, os programetes ainda têm uma terceira explicação: cobaias de programas futuros. "Muitos quadros do Armazém 41 tinham entre 12 e 15 minutos e hoje são programas de 30 minutos", diz a gerente de Marketing do GNT, Carla Esteves. "Vira uma degustação relevante para o intervalo dos filmes." Tal tipo de programa (ainda) não chegou às grandes redes abertas brasileiras. Principal responsável pela popularização do formato, a MTV desdenha a hipótese. "Sempre lançamos tendências. Se virar mainstream demais não serve mais para nós", polemiza Raquel Affonso.

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