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Com 20 anos de GloboNews, Maria Beltrão é mais feliz longe da bancada

Prestes a inaugurar cenário do 'Estúdio i', que valoriza interatividade e bastidores, ela defende um noticiário mais informal

Por Cristina Padiglione
Atualização:
 Foto: ESTEVAM AVELLAR/DIVULGAÇÃO

Seis meses antes de a GloboNews entrar no ar, o que efetivamente se deu em outubro de 1996, Maria Beltrão já estava lá, noticiando tudo como se estivesse valendo. Ao se rever em tradicional pose de bancada daqueles dias, ela se acha sinceramente “um lixo”, e diz isso às gargalhadas. Quando o canal completou sua primeira década, Maria já pleiteava uma posição mais informal nesse tabuleiro, mas só dois anos depois, instigada por uma pesquisa em que o público pedia menos formalidade e mais proximidade com os apresentadores, a direção do canal enfim lhe deu crédito para tocar o Estúdio i. Sucesso no início das tardes de segunda a sexta, o programa ganha um novo cenário a partir do dia 27, na próxima semana.

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O novo Estúdio i comporta uma pequena plateia, conta Maria ao Estado em entrevista por telefone, e um ângulo de captação do cenário de quase 360 graus. “Vão aparecer telas atrás de mim com o que estão falando do programa nas redes sociais e no blog do Estudio i. E eu, analfabeta digital, todo dia erro no piloto, e choro de rir. A tela que está atrás de mim também vai estar na minha frente, eu abro pelo tablet e aquilo aparece no telão. É assustador”, fala.

Tal dinamismo, acredita, dará ao programa um outro ritmo. “A gente tem mais câmera no estúdio, que vai ficar todo aparente, tudo vira cenário, até a mesa de som. Agora, fiquei mais gorda do que nunca, porque onde você menos espera tem uma câmera. Quando eu vejo, ‘que barriga é essa’?”, ri. “A gente usa muita grua, consegue ter uma visão de cima, do todo. E a ideia é que pelo menos uma vez por semana a gente tenha uma plateia, de umas 12 pessoas.”

Maria sabe rir de si, um ponto positivo para qualquer um. Mas o aprendizado veio da baixa autoestima que fazia dela, acredite, uma menina muito tímida, até os seus 13, 14 anos. Filha do advogado Hélio Beltrão, que foi ministro nos governos militares de Castelo Branco e João Baptista Figueiredo, Maria foi para Brasília ainda pequena. “Mas o meu pai me botou numa escola onde não tinha nenhum filho de ministro, para eu não me sentir especial, o que no final foi complicado também porque eu ficava destacada, e fui ficando muito tímida. Foi quando comecei a criar uma defesa. Sempre fui muito estabanada, muito grande, caía, eu não tinha autoestima, queria ser baixa e não era, tinha vergonha de ser filha de ministro, e falei ‘se eu rir de mim antes, eu me protejo’, criei então uma armadura em que eu era a palhaça.”

Beltrão foi um “pai avô”, conta Maria, que veio ao mundo quando ele tinha 55 anos. “Apesar de ministro, o meu pai era muito o cara do violão e do boteco. Ele falou que se casou com uma arqueóloga porque, quanto mais velho ficasse, mais ela se interessaria. Eles me deram uma educação informal, meu pai tinha essa preocupação da simplicidade. Ele falava: ‘não complique o que pode ser simples’, não leve a vida como tango, leve como samba, era muito bem-humorado.”

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Com 1,81 metro de altura, Maria sempre ouviu que era muito grande para bancada de jornal. Ia baixando a cadeira, conta, até o ponto em que alguém alertava: “seu peito está quase em cima da bancada”. “Eu queria ser igual aos apresentadores que eu admirava, mas não tinha nada a ver com aquilo. Eu era muito ruim”. Admite que a direção do canal tinha medo de toda a sua espontaneidade, a princípio, mas, quando resolveram lhe dar o Estúdio i, disseram-lhe: “Maria, seja Maria”. “Aí, sabe quando jogam a responsabilidade toda pra você? Eu mesma fiquei com medo de passar do tom.” Aos poucos, no decorrer desses oito anos de programa, foi testando seus limites.

O formato também conspira a favor de um apresentador mais humano, que se emocione, quando o fato assim pedir. “Existia antes, uma formalidade para apresentar a notícia, até porque o apresentador de telejornal era o primeiro a dar a notícia, então havia uma sobriedade, que existe até hoje, claro, quando a notícia é séria, mas existia um certo distanciamento. Com esse boom de internet, as pessoas começaram a ter a notícia muito antes. E tudo que não tem um atrativo, fica um pouquinho massificado. Eu procuro me colocar cada vez mais como o telespectador.”

E se a simpatia de Maria já gera uma sensação de proximidade no espectador, que corre para o abraço quando a encontra em locais públicos, agora, a partir do novo programa, “como disse alguém, vão sentar no meu colo”, ri. Ela não se acanha. É do tipo que puxa conversa com taxista, como faz no ar, com seus entrevistados e comentaristas, sem medo de interagir.

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