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'Cinelab' mostra como produzir efeitos especiais com pouco orçamento

No programa, cineastas desvendam truques do cinema

Por João Fernando
Atualização:

 O excesso de criatividade e o baixo orçamento do Cinelab fazem jus ao título de primeira produção nacional do canal Universal – que trocou ‘Channel’ do nome, que exibe as grandes produções norte-americanas. Na atração, que estreia na quarta, dia 3, às 19h45, os cineastas e especialistas em efeitos especiais Armando Fonseca, Kapel Furman e Raphael Borghi reproduzem em curtas-metragens de dois minutos as explosões e outros truques dos filmes de estúdio com pouquíssimo dinheiro.

“Não é filme mambembe”, avisa Armando. O trio de artistas conta que o objetivo não é apresentar uma versão modesta do que já foi visto em Hollywood. “A ideia não é ser uma cópia, mas temos uma referência. A ideia é mostrar que o orçamento é inversamente proporcional à preparação”, explica Kapel. “Quanto menos dinheiro você tem, mais se prepara”, interrompe Armando.

Os cineastas Armando (E), Kapel (C) e Raphael improvisam na hora de fazer efeitos com baixo orçamento Foto: Universal/Divulgação

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A cada episódio, um produtor, interpretado por Antonio Ravan conversa com os três sobre o gênero do filme e os elementos que é preciso haver na história, como sequências de perseguição, tiros, sangue ou até um alienígena, como acontecerá na estreia. Em seguida, ele libera a verba. Na primeira edição, eles têm R$ 1 mil para rodar um curta em que uma bomba é colocada na barriga de um ET e uma van precisa explodir. Para cumprir a missão, eles compraram uma carcaça do veículo e usaram massa de pastel para a cena da cirurgia.

Na gravação que o Estado acompanhou, os cineastas estavam filmando história que envolvia personagens da máfia, novamente um alienígena, e um meteoro que deveria cair sobre um carro. Em um ferro-velho na zona leste de São Paulo, eles usaram um guindaste para detonar o veículo, pintado pelo trio horas antes.

Apesar da experiência dos três, sempre há o risco de os planos não funcionarem. “O efeito principal é feito em uma tomada única. Se der errado, assumimos que é um reality”, analisa o diretor da atração, Rafael Barioni, que relaciona situações complicadas. “Em outra gravação, o caminhão atolou.” Eles, entretanto, tentam incluir os momentos difíceis na trama. “Quando você tem um problema, não esconda, exagere. Um problema no set não quer dizer que o filme é um fracasso. Tem de ser criativo”, aconselha Kapel.

Raphael acredita que a graça está no fato de a produção ser mais modesta. “Se tivesse muito orçamente, os filmes sairiam perfeitos”, opina. “Fora do programa, a realidade não é tão diferente. Eu já tive de pintar um carro em produções com dinheiro. O cinema brasileiro ainda não é um indústria”, afirma Kapel, que já recebeu indicações em festivais internacionais.

Por conta da pouca verba, é raro haver atores profissionais no Cinelab. Quando os amigos dos cineastas não podem participar, eles entram em ação. “A gente passa vergonha quando tem de se ver atuando”, confessa Armando. Ele, porém, enxerga uma praticidade no esquema. “Ator é bicho sensível, precisa ouvir a história do personagem, se emociona”, compara. “Às vezes, a gente só tem de cair no chão como um saco de batata”, diverte-se Kapel.

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Se as cenas não ficaram exatamente como os três gostariam, efeitos visuais são inseridos na pós-produção, processo que eles mesmos cuidam. “O que a gente tenta fazer é uma coisa sincera e honesta, não é um blockbuster”, defende Kapel. “Em todos os episódios há um esforço físico e psicológico. A gente não pode dizer que ficou ruim. Não dá para se levar tão a sério. Os principais críticos somos nós mesmos.”

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