PUBLICIDADE

Caco Ciocler estreia série 'Unidade Básica'

Produção mostra médicos que criam laços com pacientes

Por João Fernando
Atualização:

Quem se acostumou a ver Dr. Gregory House (Hugh Laurie) em seu hospital limpinho em Nova Jersey na série que leva o nome do personagem, vai notar a diferença nas condições de trabalho que seu colega de profissão e de canal, Dr. Paulo (Caco Ciocler), encara em Unidade Básica, primeira produção de ficção do Universal, com estreia marcada para o dia 11 de setembro, às 22h, sempre com dois episódios em sequência.

PUBLICIDADE

Produzida pela Gullane, a atração mostra o dia a dia de uma Unidade Básica de Saúde na periferia de São Paulo, onde os médicos não têm acesso a equipamentos modernos e atuam quase como terapeutas, desenvolvendo uma relação pessoal com seus pacientes. “No nosso imaginário, série médica é sobre uma emergência, com gente esfaqueada chegando, com sangue. A nossa não tenta reproduzir isso no Brasil”, avisa Ciocler, que interpreta casos inspirados em histórias reais.

Por causa da proximidade com os pacientes, Dr. Paulo fica íntimo das famílias de quem está tratando e chega a visitar os doentes em casa, situação recorrente nos médicos das UBSs que surpreendeu o ator depois de ser escalado para o papel. “Imaginava um monte de gente f..., macas no corredor, como a gente vê no jornal. Mas todo mundo conhece os pacientes. É quase ser de primeiro mundo isso de o cara (médico) ir à sua casa.”

Em vez de focar nos procedimentos médicos, a série dá destaque às relações entre médicos e pacientes e mostra como outras doenças podem ser descobertas após essa aproximação, além de melhorar a convivência entre parentes. Os dois primeiros episódios narram casos de uma idosa que finge estar tomando os remédios e de um evangélico que contrai o vírus HIV e acredita que o pastor pode curá-lo.

A base para a trama foi a experiência de Helena Petta, médica, roteirista da série e irmã da protagonista Laura, vivida por Ana Petta. “Minha irmã trabalhou muito tempo em UBSs. O foco não é no diagnóstico, mas na complexidade da realidade. Minha personagem chega tentando implementar o que aprendeu e vê que não assim”, detalha a atriz.

Recém-chegada à unidade, Laura bate de frente com Dr. Paulo, que se incomoda ao ver a novata pedir dezenas de exames aos pacientes em vez de criar laços com eles em um ambiente com poucos recursos. “É um médico que cuida da família, uma realidade que a dramaturgia nunca tratou. Em épocas de hiperespecialização, mostramos uma relação afetiva”, opina Ana.

Bem diferente de Chico, personagem bobão que vive nos cinemas em Um Marido para Minha Mulher, que chegou ao circuito este mês, Caco Ciocler surge na tela da TV como um médico com muitas variações de humor, galanteador e uma certa dose de marra por ter o faro de identificar problemas pouco evidentes em seus pacientes. Entretanto, o ator jura que Dr. Paulo nada tem a ver com Dr. House. “Paulo é pouco ortodoxo. O House é quase um detetive”, compara.

Publicidade

Por coincidência, Ciocler também tem uma irmã médica, porém, só descobriu que ela havia dado expediente numa UBS após rodar a série, gravada em 2015. “Eu só sabia que ela trabalhava numa comunidade”, conta o ator, que acompanhou médicos nas casas na preparação. “Fui à casa de dois senhores que precisavam tomar vacina contra gripe. Uma delas perguntou: ‘Se eu tiver uma reação, quem vai cuidar do meu irmão?’ Fiquei um pouco mal”, confessa o artista.

Para deixar as situações mais reais, dois médicos foram recrutados como consultores e permaneciam no set. Victor Hugo Valois treinou os atores antes de entrarem em cena. “Ensinei ao Caco e à Ana a medir a pressão arterial, como examinar e manter o olhar para o paciente, pois, na série, a Laura tem dificuldade em dar notícias ruins aos doentes”, explica.

O profissional de saúde diz, no entanto, que o comportamento dos pacientes é o que dá mais veracidade à trama. “Lido com briga de mãe e filha e cuido das duas. Já vi muito descontrole emocional de paciente por demora no atendimento. Há uma revolta com o sistema de saúde.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.