‘Bloodline’, mesmo com tom de folhetim, tem trama intrincada

Criada pelos idealizadores de 'Damages', série da Netflix tem 13 horas e uma nova temporada já está confirmada pela empresa

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Por Pedro Antunes
Atualização:

Tudo parece normal entre os integrantes da família Rayburn. Vivem no Keys, arquipélago ao sul do estado norte-americano da Flórida, cuidam do negócio da família (uma pousada à beira da praia, com uma das mais belas vistas das séries de TV). E, então, chega Danny, a ovelha negra da família, um renegado de tal forma que faria Rita Lee, autora da canção, mudar o título da própria música. Assim é armada a arena para as 13 horas de Bloodline, série da Netflix cuja primeira temporada foi lançada em 2015 e um novo ano já foi confirmado pela empresa. 

“Temos algumas respostas ao fim da primeira temporada, mas existe algo de onde podemos partir para um segundo ano”, diz Linda Cardellini, atriz que dá vida a Meg Rayburn, a mais misteriosa personagem da família da série e que atualmente pode ser vista nos cinemas no blockbuster Vingadores: Era de Ultron. 

Irmãos. Danny (Ben Mendelsohn), à esquerda, e John (Kyle Chandler) são parceiros e rivais Foto: Divulgação

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Linda e Ben Mendelsohn, intérprete de Danny, participaram de uma mesa redonda com outros jornalistas da América Latina para discutir como uma família aparentemente perfeita como os Rayburn pode conter tantos segredos. 

Os culpados são Glenn Kessler, Todd A. Kessler e Daniel Zelman. Os três, criadores de Bloodline, são os mesmos que desenvolveram Damages, série protagonizada por Glenn Close, com a qual ganhou um Globo de Ouro em 2008, como melhor atriz de série televisiva. “Damages, é claro, é um seriado diferente, mas a forma como eles apresentam uma situação e depois voltam para construir e contar como chegaram até ali, isso é incrível”, elogia Linda.

É assim que Bloodline joga com a possibilidade dada a TV sob demanda. Logo no primeiro episódio, duas linhas temporais se entrelaçam, presente e o futuro estarrecedor. Em vez de estragar a surpresa, cria-se um envolvimento. Entrega-se o peixe, mas é um longo caminho até chegar lá. E, já que todos os episódios estão disponíveis, não é preciso correr contra o relógio.

Enquanto a personagem de Linda é aparente mais fácil de prever, Danny (Mendelsohn) carrega a própria história em mistério. Claramente diferente dos demais integrantes da família, embora, no fundo, seja mais parecido do que eles poderiam imaginar. “Eu gosto de não saber muito sobre o meu personagem antes de interpretá-lo”, conta Mendelsohn. “Logo no início, sabíamos pouco. Os criadores apenas nos disseram um pouco sobre como eram os personagens. Eles querem ver como você irá reagir, partindo daquilo. Nunca me disseram exatamente o que aconteceria.” Linda complementa: “Acho que isso foi muito esperto da parte deles (criadores da série). Isso ajudou a criar um laço grande entre os atores. Tínhamos que confiar muito uns nos outros.” 

O elenco de Bloodline inclui ainda Kyle Chandler como o xerife e John Rayburn, Norbert Leo Butz, o irmão mais novo e sangue quente Kevin Rayburn, além de Sam Shepard e Sissy Spacek, os patriarcas da família, Robert e Sally. 

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Todos passaram oito meses de fato vivendo no paradisíaco Keys para as gravações das 13 horas de série e, garantem, que a vivência ali ajudou a entender quem é a família Rayburn. “E o Keys é uma espécie de personagem da série também”, explica Linda. “Sem viver lá, não seria a mesma coisa.” 

A aproximação de uma linguagem de folhetim não incomoda. “Acho que tem elementos de drama e o suspense, que é algo de telenovela”, diz a atriz. “Não precisamos seguir esse formato, Podemos começar aos poucos e, depois, aprofundar mais.” 

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