‘Vamp, o Musical’ atualiza temas de sucesso da novela

'Vamp' foi exibida pela Globo entre 1991 e 1992, consagrando o tema de vampiros na faixa das 19 horas

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Por Ubiratan Brasil
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RIO - Na plateia, um rapaz ostenta uma vistosa capa preta enquanto amigas vindas de Nova Iguaçú fazem selfie exibindo um sorriso de plástico, graças à dentadura de brinquedo que ressalta os caninos. Como na telenovela que o inspirou, Vamp, o Musical, em cartaz no Teatro Riachuelo, no Rio, deseja atrair um público amplo, mas especialmente os mais jovens. Para isso, a fórmula do folhetim é repetida no palco, ao recriar uma trama sobre vampiros passada nos dias de hoje, misturando comédia, suspense, rock e atores mirins. “É como condensar sete meses de novela em pouco mais de duas horas”, resume Ney Latorraca, que repete no palco o papel de Vladimir Polanski (homenagem ao diretor polonês), personagem que marcou sua carreira.

Ney Latorraca e Claudia Ohana em ação em 'Vamp, o Musical' Foto: FELIPE PANFILI

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Na verdade, marcou também a da atriz Claudia Ohana (ela está no musical, revivendo a cantora roqueira Natasha), o diretor Jorge Fernando, o figurinista Lessa de Lacerda e o cenógrafo José Claudio Ferreira e o autor Antonio Calmon, que completam a equipe criativa que esteve na novela. Vamp foi exibida pela Globo entre 1991 e 1992, consagrando o tema de vampiros na faixa das 19 horas. A trama acompanha Natasha, uma cantora que vende a alma para Conde Vlad em troca do sucesso na carreira. Ele, apaixonado por sua presa, fará de tudo para conquistá-la, mas, com o passar do tempo, Natasha só tentará se livrar dele e da maldição de ser vampira para sempre. “Histórias de vampiro são como jeans: nunca saem de moda”, brinca Claudia Ohana.

Ela e Latorraca vivem momentos inusitados com os fãs – as poses para as tradicionais selfies agora trazem os atores simulando uma mordida no pescoço da pessoa. “Isso aqui é uma grande loucura”, diverte-se o ator, que domina a atenção quando está em cena, demonstrando que continua um mestre do humor. “Não faço uma peça de enorme sucesso desde O Mistério de Irma Vap (que dividiu com Marco Nanini, ficando em cartaz entre 1986 e 1997) e esse musical reforça o bom momento da minha vida nessa nova fase”, conta Latorraca que, em 2012, sofreu um grave problema de saúde. “Vlad é um dos meus grandes personagens e acho que o segredo de seu sucesso está na opção que fiz de não criar um galã, mas um vampiro sedutor e principalmente engraçado.”

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De fato, Latorraca participaria de apenas nove capítulos da novela, mas a enorme aceitação popular o impôs como protagonista. No musical, ele utiliza o recurso do improviso, brincando tanto com eventuais problemas técnicos, e até faz piadas com colegas do elenco. Isso permite uma troca, especialmente com os mais veteranos – Osvaldo Mil, por exemplo, que compõe um hilário casal com a talentosa Livia Dabarian (vivem Matoso e Mary Matoso), chega a chamar Vlad de Barbosa, lembrança do lendário personagem vivido por Latorraca no humorístico TV Pirata.

“Ney é um grande agregador desse elenco de 36 atores”, nota Aniela Jordan, sócia, ao lado de Fernando Campos e Luiz Calainho, da Aventura Entretenimento, empresa responsável pela produção. “Desde o início, sabíamos que Vamp, o Musical só existiria com sua presença.” O desafio, segundo ela, era resgatar as principais características da novela, mas também trazer um novo frescor à história. “Na adaptação, procurei ser fiel à novela e manter o equilíbrio entre o humor negro sobrenatural, o imaginário infantil, o romantismo juvenil e a realidade cotidiana dos adultos”, explica Antonio Calmon.

Assim, canções que marcaram o folhetim permanecem, como Noite Preta, que foi tema e agora volta com novos arranjos na voz de Claudia Ohana. “O público sempre pensou que era eu quem cantava esse tema, o que só será verdade agora”, diverte-se ela, que também assume o vocal de Sympathy for the Devil, dos Rolling Stones, e Puro Êxtase

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Outros standards estão na lista como Gita, Felicidade Urgente, Doce Vampiro e, principalmente, Thriller, que inspirou uma criativa coreografia de Alonso Barros. “Não foi fácil, pois o original é perfeito”, diz ele. “Decidi fazer uma releitura, acrescentando outros sons, um sapateado no chão e, para terminar, passos de samba.” O resultado é primoroso.

Calmon criou ainda um novo personagem, Madrácula, a mãe de Vlad, oportunidade para Claudia Netto ostentar seus vastos recursos artísticos. Ela e Evelyn Castro (como a caça-vampiros Alice Penn Taylor) estão simplesmente perfeitas. O musical deve chegar em julho a São Paulo.

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