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'Inutilezas' volta em cartaz com Gabriel Braga Nunes e Bianca Ramoneda

Montagem passeia pela obra do poeta Manoel de Barros

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Por Redação
Atualização:

"É preciso desinventar os objetos. O pente, por exemplo. É preciso dar ao pente funções de não pentear. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia."

A frase, adaptada do livro Uma Didática da Invenção, de Manoel de Barros, é um dos muitos trechos da obra do poeta mato-grossense que estão na peça Inutilezas, um roteiro escrito em 2002 pela jornalista e atriz Bianca Ramoneda e reconhecido pelo próprio poeta como um trabalho “do maior acerto e do maior bom gosto”. Na peça que entra em cartaz nesse sábado, 29, no Teatro Morumbi Shopping, estão Bianca e Gabriel Braga Nunes dirigidos por Moacir Chaves. 

Gabriel Braga Nunes e Bianca Ramoneda passeiam pela poesia de Manoel de Barros Foto: Marco TerraNova/Divulgação

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O espetáculo conta a possível história das memórias de um casal de irmãos que passou a infância num lugar chamado de “lacuna de gente”. Protegidos pelo abandono, fizeram da invenção suas ferramentas de pensar e brincar. E do que não serve para nada, sua matéria de poesia.

A peça pode contar também a possível história de uma dupla de atores que se reúne para transformar poesia em teatro, num jogo de cena que aposta na força da palavra e no espírito lúdico. Experiente em levar à cena textos que não foram originalmente escritos para o teatro, o director Moacir Chaves concebeu uma montagem enxuta. No palco, dois atores interpretam o texto de diferentes ângulos, lembrando ora dois irmãos, ora um casal, ora o poeta. 

“Manoel de Barros tem uma escrita inteligente, crítica e lúdica, ao mesmo tempo. É um prazer ouvir diariamente suas construções sonoras. (...) Temos, agora, basicamente, uma maior concentração na sonoridade do espetáculo, diz o diretor. 

A peça, segundo Bianca Ramoneda, é uma ode às coisas "que não servem para nada”, supostamente inúteis no nosso cotidiano e que, ressignificadas, transformam-se em matéria-prima da poesia, em beleza e alimento para o espírito. Essa “inutilidade” é também metáfora para falar do ofício do artista. Tanto o poeta quanto a peça propõem a inversão de uma chave: a de que tudo o que fazemos precisa ter um sentido utilitário.

INUTILEZAS. Teatro Morumbi Shopping. Av. Roque Petroni Junior, 1089. Tel.: 5183-2800. Sáb., 20h, dom., 18h. R$ 60 / R$ 30. Até 27/11. 

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