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Festival de Dança chega menor à terceira edição

Após ter sido apresentada em quatro cidades, mostra agora se concentra em SP e no Rio para manter qualidade

Por Murilo Bomfim
Atualização:

A crise que atingiu diversos festivais de teatro – como o de Curitiba e o Poa em Cena, de Porto Alegre – chega, também, à dança. Bem recebido pelo público nos últimos dois anos, O Boticário na Dança abre hoje, quarta, dia 6, sua terceira edição, com um formato reduzido.

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Se em 2013, na estreia do festival, São Paulo, Rio e Curitiba receberam atrações, no ano seguinte, o Recife ganhou apresentações de duas companhias. Em 2015, no entanto, o evento se concentra apenas em São Paulo e no Rio.

“Este é um ano de muitas mudanças econômicas no País”, explica Sheyla Costa, responsável pela curadoria do festival ao lado do alemão Dieter Jaenicke, desde a primeira edição. “Trazemos companhias de várias partes do mundo e, com a variação do dólar, isso pesa. Pensamos no critério de que São Paulo e Rio são grandes centros”, explica ainda. O tamanho do festival nestas cidades, no entanto, praticamente se mantém, tendo apenas um dia a menos em cada local em relação ao ano passado. Cinco companhias ocupam, de hoje, 6, a domingo, 10, o Auditório Ibirapuera, e quatro se apresentam no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, de quinta, 7, a domingo, 10.

Cinema. Cullberg Ballet apresenta espetáculo com estética noir dos filmes dos anos 1950 Foto: CARL THORBORG/DIVULGAÇÃO

Segundo Sheyla, as dificuldade econômicas não afetaram a curadoria, que teve liberdade para escolher os grupos. “Selecionamos as companhias pensando em grandes criadores e grandes encontros”, afirma.

Um exemplo flagrante ocorre em Torobaka, espetáculo que abre o festival. Na coreografia, o inglês de origem bengali Akram Khan (que esteve na segunda edição d’O Boticário na Dança e veio mais recentemente a São Paulo a convite do Teatro Alfa) se une ao espanhol Israel Galván em dueto. No espetáculo, cada um traz suas referências: Khan mescla a dança típica indiana kathak ao flamenco de Galván.

Amanhã, 7, o sueco Cullberg Ballet apresenta 11th Floor, criação do marroquino Édouard Lock exclusiva para a companhia. Na coreografia, os bailarinos contam a história de um crime passional velado, embebidos de jazz e da estética do cinema noir da década de 1950. Se apresentam, ainda, a Michael Clark Company, a Raça Companhia de Dança e cia. de Antonio Nóbrega, que faz uma estreia mundial (leia mais nesta página). O Rio recebe a parceria de Khan e Galván, o Cullberg Ballet e a Michael Clark, além de uma apresentação do Balé da Cidade de São Paulo. 

Nóbrega lança novo olhar ao popular em 'Pai'

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Uma das características do trabalho de Antonio Nóbrega é a pesquisa por uma linguagem brasileira de dança que leve em conta as danças populares do País. E é essa a ideia presente em Pai, espetáculo da Companhia Antonio Nóbrega de Dança que estreia sexta, como parte da programação do festival O Boticário na Dança.

“O que eu proponho é um tipo de coalizão, um casamento entre o mundo popular e aquele que se costuma denominar erudito”, explica o diretor e coreógrafo em entrevista ao Estado. Para ele, as danças populares brasileiras raramente consideram as técnicas tradicionais desta arte no Ocidente.

Para isso, Nóbrega associa as origens das danças a gêneros. “O universo popular brasileiro é das festas populares, da celebração, do entretenimento, que eu vejo como feminino”, diz, denominando como masculina a dança sistematizada, com técnicas. “Encontrei, então, na palavra ‘pai’ o melhor nome para o espetáculo”, afirma.

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Brincante. Após lutar para conseguir manter sua sede na Vila Madalena, o Instituto Brincante, liderado por Nóbrega, deve deixar o local – que foi vendido para uma incorporadora – até dezembro, quando se muda para duas casas anexas ao prédio onde estava instalado. Apesar de ter tido alguns apoios, o instituto abriu um projeto na plataforma de crowdfunding Catarse para juntar verba de, pelo menos, R$ 100 mil. O valor é para custear a estrutura e o acabamento das novas instalações.

O BOTICÁRIO NA DANÇA Auditório Ibirapuera.Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, Portão 2, 3629-1076. De hoje a sáb., 21 h; dom., 18 h. R$ 20 (dom. grátis).

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