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Em 'O Livro de Tatiana', Bruno Garcia mostra o palco como fonte de sonhos

Fábula destaca importância do teatro

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Por Ubiratan Brasil
Atualização:

O teatro, para Bruno Garcia, não se resume a um espaço de mera diversão – palco e plateia unem-se em uma comunhão de mistérios e contradições, na qual a reflexão e a vontade de estímulo sejam a busca comum. Assim, nada mais natural que sua estreia como dramaturgo seja, no fundo, uma homenagem à importância do teatro. O Livro de Tatiana, que estreia hoje no Teatro Porto Seguro, é uma peça que pretende ajudar as pessoas a descobrirem quem são e no que estão se transformando.

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“É uma peça dedicada principalmente ao público infantojuvenil, pois essa se transformará na plateia do futuro”, conta Garcia que, além da dramaturgia, também é responsável pela direção e ainda figura como ator. “Mas os temas são tão abrangentes que espectadores de todas as idades vão curtir da mesma forma.”

Não se trata de figura de retórica – ao finalmente concretizar a produção (o texto foi escrito entre 1996 e 97 e aguardava o momento de sair do papel), Bruno Garcia alinhavou um espetáculo que traz referências de diversos tipos de teatro, detalhe necessário para valorizar a abrangência. Para começar, é um musical – Garcia compôs todas as canções, que trazem uma sonoridade dos anos 1960 e 70 e dialogam com bandas como Mutantes, Secos e Molhados, Novos Baianos e The Doors, mas com viés contemporâneo.

Em segundo lugar, o texto traz um leve sabor épico, ao contar a história de Tatiana, menina que, certo dia, ouviu a mãe dizer: “tem um anjo lá no norte que diz amém para tudo o que a gente deseja”. Encucada, ela passa a entender quando, ao completar 11 anos, ganha um livro vermelho recheado de páginas em branco. Lá, ela descreve seus desejos que logo acabam misteriosamente realizados – ao final, o espectador descobre que o tal Senhor do Norte é o produto de sua imaginação e que ela estava em uma peça de teatro, espaço onde a criatividade tem liberdade total.

“Para mim, teatro é espelho, um lugar aonde se vai para se ver”, comenta Garcia. “Por isso, escrevi o texto sobre uma personagem inteligente, com pensamentos legais para serem ditos no palco, sem maniqueísmos sobre o bem contra o mal. Eu queria dirigir um tipo de teatro para comunicar e não só para entreter.”

Ainda na lista dos recursos cênicos que compõem a peça estão o uso de bonecos e marionetes da Companhia de Inventos, feitos por Bernardo Rohrmane Renata Franca e manipulados por pessoas que se vestem inteiramente de preto, e também a trilha sonora executada ao vivo pela Banda Armonika, composta por três músicos e uma vocalista, que também participam da trama.

Assim, é com esse encantamento mágico que começa O Livro de Tatiana: quando o pano se abre, é possível ver o livro vermelho no chão. De repente, ele começa a voar, abrindo e fechando como um bater de asas, momento em que o palco se ilumina para a primeira entrada do elenco – além do próprio Bruno Garcia, estão Dani Moreno, Maria Bia, Isabella Moreira e Lucas Lentini.

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“O assunto é muito atual, nem parece que o Bruno escreveu o texto nos anos 1990”, comenta Isabella, que vive Tatiana. “E é tão bem tramado que ajuda a criança e o adolescente pensarem”, completa Maria Bia. “Acho que vai além das crianças”, raciocina Dani Moreno. “É uma reflexão sobre a vida, o que somos e o que queremos ser – enfim, sobre sonhos.”

Como é muito jovem, o próprio elenco já desfruta do maravilhamento que se espera atingir o público. “O universo da peça é encantador, eu nunca havia trabalhado com tantos elementos mágicos”, observa Lucas Lentini. “Os personagens se parecem com figuras de desenho animado criados por Tim Burton.”O LIVRO DE TATIANA Teatro Porto Seguro. Al. Barão de Piracicaba, 740. Tel.: 3226-7300. Sáb. e dom., 15 h. R$ 30 / R$ 50. Até 28/8

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