Em 'Chaplin, o Musical', Jarbas Homem de Mello recria o artista

Em entrevista ao 'Estado', ator fala sobre os desafios de reviver a trajetória de um gênio

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Por Ubiratan Brasil
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Quando a crise econômica se agravou no Brasil, em 2015, o ator e diretor Jarbas Homem de Mello não se conformou com a repentina interrupção da temporada de Chaplin, o Musical, espetáculo que ele protagonizava e que revela detalhes do nascimento de um gênio da arte. “Era um trabalho muito carinhoso e até inspirou uma montagem semelhante na Bélgica. Todos achávamos que não merecia sair de cartaz tão repentinamente”, lembra ele sobre aqueles três meses.

Set. Mack Sennet (Paulo Goulart Filho), Chaplin (Jarbas) e seu irmão, Sidney (Juan Alba) Foto: Pedro Dimitrow

+++ Nos 40 anos de morte de Charles Chaplin, humoristas brasileiros falam sobre sua herança Confiante de que o musical teria uma nova chance, Claudia Raia, que produziu o espetáculo ao lado de Sandro Chaim, manteve o aluguel de um galpão onde o cenário ficou acomodado durante os últimos três anos. “Foi uma montagem construída com muito carinho a ponto de, ao conseguirmos fazer uma nova temporada, praticamente ficou o mesmo elenco”, conta ela. Assim, Chaplin, o Musical reestreia no Theatro Net SP, com a disposição de completar e melhorar o perfil de um dos grandes artistas do século passado.+++ Há 75 anos, Charles Chaplin estreava sua obra-prima 'O Grande Ditador' Apesar de distante três anos do personagem, Jarbas conta que o reencontro foi até rápido demais. “Aos poucos, as falas, os trejeitos, as situações voltaram à memória”, comenta o ator, que enfrenta o desafio de interpretar Charlie Chaplin dos 13 aos 82 anos - tarefa que exigiu uma meticulosa preparação. Afinal, além de ler diversas obras sobre o grande comediante e rever seus filmes, Jarbas buscava descobrir como se movimentava o corpo de Chaplin. Para isso, fez aulas de circo, patinação, violino, além de observar atentamente todos seus gestos. Outro ponto importante foi o treino com a bengala e o chapéu-coco, marcas registradas do personagem Carlitos.+++ Veja fotos de Chaplin nos 37 anos de sua morte Ajustar o figurino, de fato, exige paciência, pois a caracterização leva cerca de uma hora. Só para Jarbas, estão reservadas duas perucas, 20 bigodes e três bengalas. “É um personagem que começa muito jovem. Construir essa voz de uma pessoa jovem, o corpo, o gestual e levá-lo até os 82 anos é a maior dificuldade”, pondera o ator, mais confiante agora para a interpretação. “Ficar um pouco mais velho me ajudou a entender melhor algumas situações vividas por Chaplin. E, curiosamente, fiquei até mais parecido com ele.”+++ Filhos de Charlie Chaplin fazem apelo por Museu do Cinema de Londres Nesse período de três anos entre a estreia e a atual montagem, Jarbas aproveitou uma viagem a Los Angeles, em janeiro, para conhecer o Ace Hotel Downtown - ali funcionava, em 1927, o mítico teatro da United Artists, companhia cinematográfica fundada por Chaplin e outros grandes artistas do cinema, como os atores Mary Pickford e Douglas Fairbanks e o cineasta D. W. Griffith. “Encontrei muitas relíquias, como uma câmera que Chaplin usava para filmar”, relembra. “O mais incrível é lembrar que esses quatro inovaram na forma de conceber e distribuir seus filmes.” O musical não se resume a apresentar a biografia de Charles Spencer Chaplin (1889-1977), um dos gênios da arte, mas também de sua vital importância para a evolução do cinema. Escrito por Thomas Meehan e Christopher Curtis (também autor das letras e canções originais), o musical chegou ao Brasil com ar de estreia mundial - apesar de ter sido encenado na Broadway em 2012, o espetáculo nacional ganhou cenas novas escritas por Curtis, que também compôs cinco canções inéditas. “Aqui, o público acompanha a vida de Chaplin com mais emoção, encenada em um estúdio cinematográfico”, contou ao Estado, quando da estreia da montagem em 2015, o diretor Mariano Detry. A atual montagem apresenta novidades no elenco. Como Juan Alba, no papel de Sidney, irmão mais velho de Charlie e seu empresário e mentor. “Ele reconhecia o talento do irmão a ponto de abrir mão do seu para apoiá-lo”, conta Alba. “Também ajuda Charlie a estruturar sua vida.” Outra recém-chegada é a talentosa Myra Ruiz, no papel de Oona O’Neil, a jovem que vai se casar com um Chaplin já idoso e que vai acompanhá-lo até o fim de sua vida, no dia de Natal de 1977.CHAPLIN, O MUSICAL Theatro NET SP. Shopping Vila Olímpia. Rua Olimpíadas, 360. 5ª e 6ª, 21h. Sáb., 17h e 21h. Dom., 18h. R$ 50 / R$ 200. Até 29/7

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