Caco Ciocler exibe seu talento em oito filmes, duas peças e uma série de TV

Ator, que se prepara também para estrear como escritor, prepara para uma frutífera temporada vivendo personagens dos mais distintos

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Por Ubiratan Brasil
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Caco Ciocler descobriu-se míope de uma maneira prosaica – meses atrás, durante o ensaio da peça A Tragédia Latino-Americana, Caco, sentado na plateia, incomodou-se com a falha que notava nas frases que eram projetadas no alto do palco. “Quando vão consertar isso?”, perguntou ao diretor Felipe Hirsch que, notando a situação, respondeu: “A projeção está no foco, você é que não está vendo”. Uma visita a um oftalmologista resultou em um par de óculos com lentes de pouco mais de um grau.

O ator Caco Ciocler, dividido entre vários projetos Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

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Antes mesmo de redescobrir detalhes da beleza do mundo (“Eu realmente perdia muita coisa”), porém, Caco já se revela um homem de visão ao administrar a própria carreira. Afinal, nos próximos meses, ele poderá ser visto em sete filmes que estão praticamente finalizados, outro que deverá ser rodado logo, além de uma minissérie de TV e de duas peças. Em todos, vivendo personagens distintos, sem nenhum parentesco. “Em alguns, faço apenas uma participação, mas todos me interessaram por oferecer o desafio de viver um papel que não havia interpretado antes”, justifica ele, que vai de um advogado alcoolizado a um médico residente. E, não bastasse tudo isso, Caco ainda vai estrear como escritor e será o diretor de uma adaptação de Titus Andrônicus, de Shakespeare. “Eu me inspiro muito no ator inglês Ben Kingsley, por quem tenho profunda admiração”, explica. “Há uma vibração espiritual em suas atuações que me toca, algo que me ajuda a explicar os motivos que o levaram a escolher tais papéis.” E que, de certa forma, também esclarecem a força que o movimenta.

Um dos filmes que acabou de rodar é O Banquete, escrito e dirigido por Daniela Thomas. Inicialmente, seria um tour de force para o elenco, pois a diretora planeja rodar a história em apenas uma tomada de câmera. Mas preferiu uma sequência de longas tomadas. No longa, Caco vive um advogado que, durante a trama, vive embriagado. “Tentei entrar no clima e, antes das filmagens, tomava uísque logo pela manhã. Mas o resultado não era tão diferente, além do profundo mal-estar que me provocava”, relata. O ator deixou profunda impressão em Daniela: “É uma potência: talentosíssimo, concentrado, inteligente, comprometido com o personagem até a última célula, e carmicamente, é grande criador de cacos: ele começa a raciocinar como o personagem e reinventa o diálogo”.

A disposição camaleônica de se transformar, aliás, marca também sua passagem no apocalíptico Fica Mais Escuro Antes do Anoitecer, de Thiago Luciano. Aqui, Caco cortou os cabelos, deixando apenas os da lateral da cabeça para viver o estranho dono de uma fábrica de gelo. Ou ainda em João, de Mauro Lima, em que interpreta o professor russo de piano que incentivou a carreira de João Carlos Martins.

Personagens reais continuam em Elis, de Hugo Prata, no qual dá vida a César Camargo Mariano, e, em Simonal, que Leonardo Domingues começa a rodar em julho – Caco vai ser o agente do Dops que pressiona o cantor. “São participações que me interessam pela riqueza dos papéis”, conta o ator, que ainda poderá ser visto em O Olho e a Faca, de Paulo Sacramento, e ao lado de Ingrid Guimarães na comédia romântica Um Namorado Para a Minha Mulher, de Julia Rezende. 

Caco ainda arrumou tempo para viver um médico em Unidade Básica, série do canal Universal para agosto. No palco, retoma o trabalho com Felipe Hirsch em A Comédia Latino-Americana, previsto para setembro. Mas antes, em julho, estará em Fluxorama, dirigido por Monique Gardenberg. “É emocionante ver sua busca pelo personagem, o embate para dominar aquela criatura, achar seu jeito, a voz, até existir de fato. Logo, personagem e ele viram uma coisa só, amalgamada”, admira Monique.

Estreia como autor é com livro sobre avós imigrantes

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Caco Ciocler pegou gosto pela literatura depois de convidado pela Editora Planeta para escrever uma ficção baseada em memórias das histórias que ele sempre ouviu da vinda dos seus avós judeus para o Brasil. “São tão absurdas, que parecem inventadas”, conta o ator, que se entregou ao prazer da escrita. 

“São trechos folclóricos de histórias ditas reais, que estou transformando em ficção e criando uma teia que acaba falando de quatro gerações e de como a paternidade e a maternidade foram transmitidas e herdadas entre elas, tendo como pano de fundo a comunidade judaica vivendo no Brasil”, conta ele, que pode lançar o livro na Bienal do Livro de São Paulo, em agosto.

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