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Bibi Ferreira volta a SP com canções de Frank Sinatra no Theatro Net

Após cumprir temporada na capital paulista, a cantora se prepara para temporada nos EUA

colunista convidado
Por Leandro Nunes
Atualização:

Em 1966, o escritor norte-americano Gay Talese escreveu o perfil do cantor Frank Sinatra para a revista Esquire. A entrevista que deu origem ao texto, considerado até hoje como modelo do New Journalism – gênero que mistura a narrativa jornalística com a literária – nunca aconteceu. Na época, Talese viajou até Los Angeles para encontrar o homem conhecido com The Voice e o observou durante seis semanas, em gravações para o cinema e nas mesas de jogo em Las Vegas.

Intitulado Sinatra Está Resfriado, o perfil explicava a razão da recusa e também revelava o grande vilão das grandes vozes. “Eu sofro muito no frio. Estou com a voz completamente velada. Praticamente, não falo”, conta a atriz e cantora Bibi Ferreira, que volta hoje à cidade cantando o repertório de Sinatra no Theatro Net SP. “Imagine que um atleta está com os músculos relaxados e, de repente, decide executar um salto mortal. Ele não vai conseguir”, explica, em entrevista ao Estado. “Assim é a voz. Ao acordar, as cordas vocais estão relaxadas e é preciso despertar devagarinho. Aos pouquinhos vai falando, falando, aí sobe, e quando chega no palco, solta a voz.”

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O repertório do show traz os principais sucessos interpretados pelo cantor, entre eles Night and Day (Cole Porter), Dindi (Tom Jobim) e Fly Me To The Moon (Kaye Ballard). E, para mostrar a sua canção preferida, Bibi logo dá uma amostra, cantando o refrão de That’s Life: “I’ve been a puppet, a pauper, a pirate, a poet, a pawn and a king”. “Além da letra ser linda”, ela explica, “essa música permite que eu module a minha voz de muitas maneiras”. E rápida, Bibi também já aponta que Strangers in The Night é a que menos gosta. Tanto que a canção é apresentada apenas pela orquestra, no início do show. “Essa eu não gosto da melodia, nem da letra. Talvez por ter ouvido demais, saturar, não cansa, satura. E Sinatra também não gostava dela”, defende.

O show é acompanhado por 18 músicos sob a batuta do maestro Flávio Mendes. O roteiro foi montado e assinado por seis mãos, incluindo o empresário da cantora Nilson Raman. “Nós narramos a vida de Sinatra cronologicamente e trazemos algumas histórias curiosas, que são sempre pontuadas pelas canções”, explica ele. E uma delas, Rock Around The Clock, curiosamente, não está no repertório do cantor, e é conhecida na voz de Bill Haley (1925-1981). “Foi um período de transição no qual o rock fazia muito sucesso. Conta-se que Sinatra, cansado da popularidade da música, quebrou o rádio do carro. Durante o show, o maestro brinca que Sinatra odiava aquela porcaria. Ao que Bibi responde: ‘Eu adoro essa porcaria!’.” Com o roteiro na mente, basta um ensaio, no dia anterior ao show. “O que eu não faço é ouvir minha própria voz porque me dá agonia. Eu poderia ter feito melhor”, revela.

Aos 93 anos e prestes a completar 74 de carreira, Abigail Izquierdo Ferreira, filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina Aída Izquierdo já cantou nomes como Edith Piaf (em temporada durante mais de 25 anos), Amália Rodrigues e Carlos Gardel, além de ter se apresentado em seus respectivos países de origem − França, Portugal e Argentina.

Após a temporada em São Paulo, Bibi embarca em uma estreia, desafiadora, ou mesmo “um desaforo”, como ela mesma se diverte ao definir. A cantora voltará a Nova York depois do show Bibi n Concert. “Escute só, cantar Sinatra na terra de Sinatra vai ser um desaforo. Um ‘challenge’ (desafio)!” 

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