'Bem Sertanejo - O Musical' marca a estreia de Michel Teló no palco como ator

Espetáculo terá três apresentações em São Paulo entre os dias 21 e 23 de abril

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Por Ubiratan Brasil
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Até o cantor Michel Teló, acostumado ao sucesso (lançou, em 2011, o hit internacional Ai, Se Eu Te Pego), ficou ligeiramente surpreso com a grande repercussão do quadro Bem Sertanejo, que o programa Fantástico, da Globo, exibiu em 2014 e 2015. Na TV, ele contou, a cada domingo, a origem e a evolução desse ritmo marcantemente brasileiro, acompanhado de grandes nomes do gênero como as duplas Zezé Di Camargo e Luciano, Fernando e Sorocaba, e até pioneiros, como Milionário e Zé Rico. O quadro logo inspirou um livro de mesmo nome e, depois de Teló se associar com a Aventura Entretenimento, surge agora Bem Sertanejo - O Musical, que terá três apresentações em São Paulo, entre os dias 21 e 23 de abril, seguindo carreira por Porto Alegre, Curitiba, Rio, Brasília, Belo Horizonte até terminar em Ribeirão Preto (2 a 4 de junho).

Em cena. Michel Teló e elenco ressaltam que não se trata de um show Foto: Tiago Queiroz/Estadão
O cantor Michel Teló em cena. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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* 315 milhões de reais é a estimativa do valor arrecadado em um ano pelos 10 artistas sertanejos mais rentáveis do Brasil * 180 shows por ano é a média realizada por esses dez artistas sertanejos no País * 10 mil pessoas é a média de público que comparece em cada um dos shows dessa dezena de cantores mais rentáveis * 175 mil reais é o valor médio estimado que cada show dos artistas arrecadaENTREVISTA - Michel Teló - CANTOR 'No musical, até a respiração é programada' Como é estrear em musical? É um grande desafio por causa do roteiro: tenho de respeitar o momento de cada um, cada minúscula marcação, descobrir o timing das cenas. Nos meus shows, há um roteiro, mas tenho liberdade para fazer o que eu quiser, algo como “hoje, quero fazer meia hora de acústico”. Aí, pego o violão e canto. No musical, é tudo programado, até a respiração. 

Como foi a rotina de ensaios? Eu ensaiava 5 horas por dia. Os outros começavam de manhã e iam até de noite, porque têm muitas marcações. Quando eu chegava, tudo estava mais preparado. Fico quase o tempo todo em cena, cerca de 2h30, mas, em alguns momentos, como quando o casal tem uma briguinha, o elenco canta uma musiquinha de casal e aproveito para sair e trocar de roupa. Mas volto logo.Obras modernistas inspiram cenografia e figurinos

Pintado em 1933 por Tarsila do Amaral, o quadro Operários representa a quantidade e a variedade racial das pessoas que trabalhavam nas fábricas que começavam a surgir nas capitais brasileiras, especialmente São Paulo. As expressões são sérias, sem nenhum sorriso, forma de a pintora revelar a árdua tarefa assumida pelos trabalhadores.

A obra foi uma das que inspiraram o conceito do cenário e dos figurinos de Bem Sertanejo - O Musical. “Como a peça conta a história do sertanejo a partir de sua raiz, pensei de imediato em Tarsila, que sempre valorizou a cultura do interior do Brasil de uma maneira muito plástica, colorida e moderna”, explica o cenógrafo Gringo Cárdia.

Para criar a estrutura do musical, o pesquisador André Piunti e o diretor e roteirista Gustavo Gasparani pesquisaram em diversos livros, além de inúmeras canções, um trabalho que durou cerca de dois anos. 

“Na peça, há trechos de uma letra de Mário de Andrade, da canção Viola Quebrada, que surgem como versos declamados”, explica Gasparani, que utilizou também uma pequena obra-prima, os versos que Manuel de Oliveira escreveu para Azulão e que foram musicados por Jaime Ovalle. Outra obra inspiradora foi Trenzinho Caipira, composta por Heitor Villa-Lobos e que é parte integrante da peça Bachianas Brasileiras n.º 2.

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“Os modernistas tiveram uma ação decisiva para ajudar a elite brasileira a reconhecer as riquezas do nosso povo”, continua Gasparani. “Isso logo inspirou a dramaturgia. Quando o texto foi lido pelo Gringo e por Marcelo (Olinto, o figurinista), eles não tiveram dúvidas em relação às referências. Tanto que, na reunião para mostrar a estética, Gringo logo apresentou a ideia de usar o quadro da Tarsila. Fiquei impressionado.”

Já o figurinista Olinto se baseou, além dos quadros de Tarsila, também nos de Almeida Júnior, pintor paulista cuja obra foi marcada pela aproximação realista ao cotidiano do homem do interior sem o filtro das fórmulas universalistas da pintura acadêmica. O resultado são quadros como Caipiras Negaceando (1888) e Caipira Picando Fumo (1893).BEM SERTANEJO - O MUSICAL Tom Brasil. Rua Bragança Paulista, 1.281; 4003-1212. 6ª (21) e sáb. (22), 22h. Dom. (23), 20h. R$ 50 / R$ 160