A Javanesa traz a dor do amor nos libertários anos 60

Peça tem texto inédito de Alcides Nogueira, sob a direção de Márcio Aurélio

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Ela tem 25 anos e a toda hora cantarola a música La Javanaise. Ele se apaixona por ela no momento em que a vê. Passa a chamá-la de Javanesa. Começa aí uma relação amorosa intensa e típica da geração que hoje está na faixa dos 50 anos - negou o aprisionamento do amor no modelão de casamento de seus pais e avós, mas não soube criar novas formas de vínculo. Ele e ela são vividos pelo ator Leopoldo Pacheco na peça A Javanesa, texto inédito de Alcides Nogueira que estréia neste sábado, 2, no Teatro Jaraguá sob direção de Márcio Aurélio - tríade premiada por outro espetáculo, ólvora e Poesia. Desta vez, o solo foi escrito especialmente para o ator que vive o homem e a mulher, ambos em duas idades diferentes, 25 e 55, com direito a um diálogo entre ambos. Tudo isso num texto que faz idas e vindas no tempo. Parece complicado? "É uma história de amor que exigiu uma complexa engenharia dramatúrgica para chegar a uma simplicidade gritante", diz Alcides. "Não tem carne, é só osso, mais seca que Agreste", compara o autor à peça de Newton Moreno também dirigida por Márcio Aurélio. "Cada palavra foi pesada por mim de forma que nada comprometesse a simplicidade." Leopoldo Pacheco, de outra forma, é também obrigado a trilhar um caminho tortuoso para tocar o espectador. "É uma história difícil de trabalhar porque há mudanças temporais o tempo todo - ora estou com 25, ora com 55 - e ainda de personagem." Mas dá para confiar no resultado quando a direção é Márcio Aurélio. "O teatro perde antropologicamente sua natureza quando se afasta do contador de histórias", afirma o diretor. "Cada vez mais me preocupo com a recepção do público. Mesmo quando falamos de coisas brutais é preciso mobilizar os sentimentos mais nobres do espectador." A Javanesa. 70 min. 12 anos. Teatro Jaraguá (280 lug.). Rua Martins Fontes, 71, 3255-4380. 6.ª, 21h30; sáb., 21h; dom., 19h. R$ 10 (6.ª, preço único promocional) e R$ 40. Até 29/7

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.