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Vânia Bastos canta valsa, frevo, afro, missa

Cantora lança álbum com canções de Edu Lobo no Auditório Ibirapuera

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Por Redação
Atualização:

Lauro Lisboa Garcia

 

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Entre tantas obras-primas e nenhum tema menos do que bom, é difícil escolher um repertório de 12 canções de Edu Lobo para um CD. Vânia Bastos chegou a um consenso casando vontade própria o com sugestões do produtor Thiago Marques Luiz e o violonista e arranjador Ronaldo Rayol. Nesta sexta, 23, e sábado, ela faz shows de lançamento com parte dos músicos que a acompanham no CD e algumas substituições. No roteiro do show, além de todas as faixas do disco, ela canta os clássicos Arrastão, Lero-Lero, Reza e Ponteio (esta com participação de Passoca tocando viola).

 

Três canções de Nabocadolobo (Lua Music) saíram de Missa Breve, que Edu lançou em 1972: Glória e os clássicos Vento Bravo e Viola Fora de Moda, parcerias com Paulo Cesar Pinheiro e Capinan, respectivamente. Duas são parcerias com Chico Buarque de trilhas de teatro e dança - Meia-Noite (de O Corsário do Rei) e Circo Místico (de O Grande Circo Místico, do Ballet Guaíra). Outras duas vieram de Tempo Presente (1980): a faixa-título, parceria com Joyce, e Gingado Dobrado, com letra de Cacaso, que o homenageado canta com Vânia.

 

"Fazia pouco tempo que eu tinha me mudado de Ourinhos para São Paulo quando Edu lançou Missa Breve e eu amava esse disco. Eu já tinha um pouco de conhecimento de música erudita porque tinha feito um curso na ECA, em que tomei contato com essa história das missas de Bach, de Mozart", lembra a cantora. "Edu fez uma missa como os grandes fizeram, usando o latim e tudo, com aquele som do Brasil. Quando Thiago me sugeriu fazer um disco cantando só músicas dele, alguma coisa daquele disco eu tinha de gravar."

Por falar em erudição, Vânia também acertou em cheio ao incluir no repertório a tocante Canção do Amanhecer (de Edu e Vinicius de Moraes), uma valsa rebuscada que reverbera em composições de Arrigo Barnabé como Lenda, gravada lindamente por Vânia. Ela reconhece que pode haver uma relação estética entre ambas. "Tem tudo a ver. Arrigo gosta muito de Edu, não sei se ele fala nisso com muita clareza, mas deve ter influência de Edu nisso", diz.

 

 

Vale lembrar que Vânia, no início da carreira, foi vocalista da banda de Arrigo. Agora, ele assina o texto de apresentação do CD, em que diz: "Diante de um repertório adequado para sua inteligência vocal, revela-se a cantora: voz vestida de luz."

 

Vânia demonstra, na sofisticação da interpretação e dos arranjos, o mesmo cuidado com que Edu lapida suas canções. "Imagino que até ficar pronto, ele deve estudar muito cada acorde, cada detalhe. Por isso que quando a gente foi fazer o disco, foi muito legal eu ter esse superbraço direito, Ronaldo, que é um grande violonista e fez arranjos lindos. A cada dia ele me surpreendia, e é completamente intuitivo."

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Trabalhando com instrumentação mínima, os arranjos de Rayol valorizam tanto a voz polida da cantora, como a beleza das melodias e a força das letras.

"É uma coisa delicada e ao mesmo tempo com o máximo respeito aos acordes de Edu e com criatividade própria em cima." Upa, Neguinho (letra de Gianfrancesco Guarnieri), por exemplo, ganhou um acento mais afro, que afasta qualquer comparação com o original de Elis Regina.

 

Também intuitivamente, Vânia dá uma panorâmica na diversidade sonora de Edu Lobo, em que não podia faltar a influência pernambucana do frevo no Cordão da Saideira. Ela - que gravou álbuns dedicados a Caetano Veloso, Tom Jobim, o Clube da Esquina e compositoras brasileiras - já disse que não quer ficar marcada como cantora de discos temáticos. Mas que se dá muito bem nesses projetos não há dúvida.

 

 

Vânia Bastos e Banda - Auditório Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2 do Parque do Ibirapuera, telefone 3629-1014. Sexta e sábado, às 21 horas. Ingressos: R$ 30 e R$ 15.

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