Vânia Bastos, a nova sócia do Clube da Esquina

A cantora mostra no Sesc Pompéia a leitura muito particular - e refinada - que ela fez de clássicos como Paisagem na Janela, Nascente e Nada Será Como Antes, todas do histórico álbum Clube da Esquina

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Por Agencia Estado
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No início dos anos 70, uma adolescente tímida da cidade de Ourinhos, no interior paulista, costumava entrar no quarto do irmão mais velho, Euler Bastos, para ouvir os elepês de música brasileira que ele regularmente comprava. Desfilavam pelas mãos da garota bolachas trazendo as vozes de Elis, Gal Costa, Milton Nascimento e seu Clube da Esquina. Trinta anos se passaram, a garota virou cantora profissional, acompanhou Arrigo Barnabé e Eduardo Gudin, gravou Tom Jobim e Caetano Veloso até que, no início deste ano, entrou em um estúdio carioca como se estivesse novamente visitando o quarto do irmão. O resultado desta visita é o CD Vânia Bastos Canta Clube da Esquina, base do show que ela faz amanhã e domingo no Sesc Pompéia. O encontro entre a voz de Vânia Bastos e clássicos como Nada Será Como Antes, Nascente e Paisagem na Janela passou longe de um esperado saudosismo. Acompanhada apenas pelo piano de Luiz Avellar e por um quarteto de cordas, Vânia limou das canções as calorias que o tempo depositou sobre elas. Fez uma leitura límpida, atemporal, ou - para entrar no espírito da gravação - "cool". "Mexer com o Clube da Esquina não era tarefa fácil", diz a cantora. "Procurei gravar as canções como se elas fossem inéditas. Se eu fosse pensar em todas as versões que elas já receberam, talvez eu não fizesse nada." O CD foi gravado em apenas três dias. Outros cinco foram gastos nos ensaios. Foi a primeira vez que Vânia cantou acompanhada apenas por um piano e um quarteto de cordas. O formato deu tão certo que será reprisado na íntegra nos shows do fim de semana. A idéia de gravar o repertório do álbum Clube de Esquina foi sugerida a Vânia Bastos pelo produtor musical Marco Mazzola. Em 14 anos de carreira-solo, a cantora já havia feito outros dois CDs temáticos. O primeiro trouxe apenas composições de Caetano Veloso. No segundo, Vânia cantou Tom Jobim. "No Brasil cria-se um estigma em cima do intérprete que se dedica à obra de um único compositor. Isto não passa de um preconceito, mas temos de tomar alguns cuidados", diz. "Por isso, entre um projeto temático e outro, procuro sempre lançar um CD com músicas inéditas." Nos shows do Sesc, além de todas as canções do CD Clube de Esquina, Vânia promete cantar Passarim e Mais, de Tom Jobim, além de Paulista, música dos anos 90 que virou uma espécie de hino moderno de São Paulo. Vânia Bastos Canta Clube da Esquina, no Teatro do Sesc Pompéia (Rua Clélia, 93, tel.: 3871-7700). Sábado, às 21h e dom. às 18h. Ingressos: R$ 7,50 e R$ 15.

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