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Vanessa Carlton, do hit ‘A Thousand Miles’, encontra maturidade em novo disco

Liberman é o quinto álbum da cantora lançado no Brasil pelo selo fluminense Lab344

Por Pedro Antunes
Atualização:

Sentada em frente ao piano no qual compôs grande parte das músicas do novo disco, o quinto da carreira, Vanessa Carlton buscava inspiração – e paz – no quadro posicionado logo à sua frente. Era uma pintura antiga, feita pelo avô, pintor e designer, dada a ela pela avó. Invariavelmente, ela se perdia em pensamentos, na própria história da família. Seu avô, de origem russa, se mudou para aos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. Trocou o sobrenome. Saiu da sua terra natal como Liberman, chegou à América como Lee. 

Na ideia de homenageá-lo – e deixar eternizados os momentos diante daquele quadro, decidiu que seu disco levaria o nome da família original. Liberman é o quinto álbum de Vanessa, lançado no Brasil pelo selo fluminense Lab344. Trata-se também do primeiro após a maternidade, algo que também exerceu um impacto profundo na realização do disco, principalmente no tempo de produção. Em 2012, já se ouvia falar de um novo trabalho da cantora famosa pelo estrondoso sucesso de A Thousand Miles, aquele petardo pop açucarado que dominou as paradas de sucesso no início de 2002. Vanessa, quando descobriu estar grávida, já havia dado início aos esboços de Liberman. Ela perdeu o filho da primeira gestação, mas, em janeiro de 2015, deu à luz uma menina chamada Sidney. Decidiu esperar. 

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“Não queria entrar em turnê grávida. Ou fazer o trabalho de divulgação do disco dessa forma. Achei que era melhor esperar. Queria ficar um tempo com meu bebê, com a minha família. Então, adiei essa parte do plano”, contou a cantora, de férias com a filha de um ano e o marido John McCauley (da banda Deer Tick). “E, então, agora eu posso sair para a estrada.” 

Liberman é um disco pessoal, um pop intrincado de camadas de efeitos, leves batidas eletrônicas e muita dedicação de Steve Osborne, produtor que, inclusive, assina quatro das dez canções do álbum. 

Maturidade é clichê demais para se usar em alguns casos. Não é o de Vanessa Carlton. Ela, mesma, aos 35 anos, percebe que a garotinha que aceitou os formatos da música popular não é a sua personalidade como artista. Levou 13 anos desde Be Not Nobody, disco impulsionado pela canção que a acompanhará para sempre, para que ela se sentisse completamente segura de sua identidade musical. 

“Sabe, eu nunca conseguiria imaginar que meu primeiro disco seria como foi”, diz. Be Not Nobody e a canção A Thousand Miles chegaram às paradas nos Estados Unidos e no Reino Unido. “Eu entendo que fiz um disco pop. Era o que queria fazer na época. Mas era o início da minha carreira. Confesso que não me sentia muito confortável naquele papel. Só fui perceber isso muito tempo depois. Na minha opinião, não sou uma artista pop. Acho que comecei assim, mas estou no ponto da minha carreira e da minha vida que gostaria de chegar. Tive que trabalhar muito, mas acho que estou exatamente no lugar onde gostaria de estar.” 

Liberman não tem faixas dançantes. Reverbera em sentimentos mais profundos e distantes, tocados pelos ecos na voz outrora cristalina de Vanessa. “Pensei nos vocais como instrumentos”, ela conta também. “E daí fomos acrescentando camadas.”  Mesmo talvez sem perceber, a cantora produziu o disco como o avô deve ter pintado aquele quadro à sua frente. Surpresa com a conclusão, ela concorda. “Sim, e seria uma pintura de uma piscina natural. Muito azul. Muito tranquila.” 

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