Supla lança livro de crônicas para celebrar os seus 30 anos de carreira

'Supla: Crônicas e Fotos do Charada Brasileiro' repassa carreira do músico com muito bom humor

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Por João Paulo Carvalho
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Supla anda com tranquilidade pelas ruas do centro de São Paulo. Traja um elegante conjunto vermelho e preto. A roupa é milimetricamente cortada. Os cabelos descoloridos, quase grisalhos, ainda chamam a atenção de quem passa. Um garoto logo o reconhece. Sem pestanejar, pede uma foto. “Sou seu fã, Supla. Não tenho papel aqui, queria um autógrafo”, diz. “Eu também não. Se tivesse, daria com o maior prazer”, responde, esboçando um sorriso.

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Aos 49 anos, Supla, que comemora em 2016 três décadas de carreira, tem o mesmo jeito excêntrico e extrovertido de sempre. Para celebrar a data, o músico lança Supla: Crônicas e Fotos do Charada Brasileiro. Além de um vasto material fotográfico, o livro reúne 50 crônicas sobre a sua vida. “Saí da casa dos meus pais porque tinha muita política. Não aguentava mais aquele comitê diário. Muita gente ainda me pergunta por que eu não me tornei um político. A verdade é que no fundo eu odiava tudo aquilo”, diz em entrevista ao Estado.

Supla: Crônicas e Fotos do Charada Brasileiro faz um apanhado da trajetória do paulistano. Com uma linguagem informal, a publicação relembra alguns encontros marcantes, shows e histórias curiosas da vida do ‘papito’. Supla conta que a ideia inicial sempre foi a de publicar um livro descontraído. “São 30 anos de carreira. Daí uma amiga sugeriu que eu fizesse algo mais leve e atrativo. Acho que escrever uma biografia ainda é muito pesado para mim. Comecei a me lembrar das histórias que eu contava e achava legal. Pensei que poderia ser bacana externar o que muita gente não sabe sobre mim”, afirma.

Com uma linguagem informal, a publicação relembra alguns encontros marcantes, shows emblemáticos e histórias curiosas da vida do 'papito' Foto: Alex Silva|Estadão

Com prefácios assinados pela mãe, Marta Suplicy, nome mais cotado do PMDB para ser candidata à Prefeitura de São Paulo, e pelo pai, o ex-senador Eduardo Suplicy (PT), o livro reúne ainda algumas histórias engraçadas. “Sou suspeito para falar do meu pai. Ele é a pessoa mais incrível que conheço. É quase impossível tirá-lo do sério. Ele só me bateu uma vez porque desrespeitei minha mãe. Não lembro direito o que eu fiz, mas foi algum xingamento. Ele perguntou se eu merecia apanhar. Disse que sim. Levei uma bofetada”, gargalha.

O livro também relata o envolvimento de Supla com os esportes, principalmente o boxe e o futebol. Santista fanático, o músico lembra do episódio que o motivou a treinar boxe. Durante um jogo entre Corinthians e Santos, no Estádio do Morumbi, quando tinha 14 anos, Supla, então integrante de uma torcida organizada do Santos, tentou arrancar a camisa de um torcedor do Corinthians. “Tentei impressionar os outros santistas que estavam comigo. Levei um soco. Percebi que não sabia me defender, por isso decidi praticar boxe. Precisava me defender de alguma forma”, lembra. Supla foi longe. Chegou inclusive a disputar a Forja dos Campeões em 1984, sob a orientação do técnico de boxe Luís Carlos Fabre. A Forja é a mais tradicional competição de boxe amador do Brasil. “Treinei rigorosamente por mais de um ano. Fazia regime. Eu me dediquei bastante”, relata ainda.

Supla no Central Park, NY, em 1971 Foto: Arquivo pessoal

A música. Supla tem uma longa trajetória musical. Formou o grupo Os Impossíveis, quando tinha apenas 13 anos. Baterista de ofício, em 1984, entrou em um estúdio pela primeira vez com o Metrópolis, sua segunda banda, para gravar uma demo-tape. “Tinha muita energia em minhas veias. Éramos jovens. Estávamos sempre nos apresentando no underground paulistano ao lado de grupos como Mercenárias e Felini”, lembra Supla.

Em 1986, já à frente do Tokyo, Supla fazia bastante sucesso nas noites paulistanas. O compacto Humanos e Mão Direita construiu um público bastante enérgico fora do mainstream. No entanto, a crítica do disco de estreia do grupo, publicada pelo jornalista Luis Antônio Giron, na Folha de S.Paulo, deixou Supla irritado. “Ele dedicou uma página inteira para falar mal da gente, muito em função do fato de que éramos de classe média alta. Nós só conseguimos um contrato com a gravadora (CBS) depois de fazer muito barulho. Hoje, eu choro de rir quando leio o texto.”

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Os pais Eduardo e Marta Foto: Arquivo pessoal

O sucesso no reality show Casa dos Artistas, em 2001, também não é esquecido por Supla. Na ocasião, o roqueiro ficou nacionalmente famoso ao emplacar um romance com a atriz Bárbara Paz. “Sou muito grato ao Silvio Santos pela oportunidade. Ele tem um coração maravilhoso. Foi por meio dele que consegui notoriedade no meio artístico e pude divulgar o meu disco Charada Brasileiro”, diz.SUPLA: CRÔNICAS E FOTOS DO CHARADA BRASILEIROEditora: Ideal (152 págs.; R$ 59,90)Lançamento: Livraria Saraiva do Shopping Pátio Paulista. Rua Treze de Maio, 1947. Tel.: 3191 1100. 19h. 19/2

Esportista. Supla, à direita, luta boxe na tradicional Forja dos Campeões, em 1984 Foto: Arquivo pessoal