Silva lança disco com versões das músicas de Marisa Monte e expande seu campo vocal

São, ao todo, 11 releituras de clássicos da cantora

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Por João Paulo Carvalho
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Os primeiros acordes podem assustar. A roupagem moderna, com batidas eletrônicas, somada à voz suave do cantor e compositor capixaba Lúcio Souza Silva, o popular Silva, causam, em princípio, estranhamento. Afinal, revisitar a obra de Marisa Monte, uma das cantoras mais consagradas da música popular brasileira, não é uma missão lá muito fácil. No disco Silva Canta Marisa, que acaba de ser lançado, o jovem de 28 anos consegue driblar tal peso ao interpretar de maneira leve 11 grandes sucessos da artista. “Em nenhum momento, tentei imitar a Marisa. Nunca quis frustrar seus fãs, já que as versões que fiz das músicas jamais ficariam iguais as dela. Fazer um trabalho assim é sempre um tabu, já que é preciso imaginar a música de uma forma diferente”, diz Silva, em entrevista ao Estado, por telefone. 

Fã incondicional de Marisa Monte desde a adolescência, a relação de amizade entre os dois começou em 2015. Convidado pelo canal BIS para participar do programa Versões, que coloca artistas emergentes para fazer apresentações de nomes consagrados da música, Silva participou cantando uma infinidade de hits de Marisa. Pensou em Chico, chegou a ensaiar Caetano, mas, na hora em que a coisa “apertou”, não teve dúvida: escolheu Marisa. “Ficamos amigos. Ela assistiu ao programa e me contatou. Disse para eu ir ao Rio conhecê-la. Rolou uma afinidade imediata”, afirma.

ARQUIVO 15/12/2016 CADERNO2 / CADERNO 2 / USO EDITORIAL RESTRITO / Silva lan?a o disco 'Silva canta Marisa'. Nele, o cantor e compositor faz vers?es modernas dos cl?ssicos da cantora. FOTO MIGUEL VASSY / DIVULGA??O Foto:

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A química musical de amplo envolvimento resultou em Noturna (Nada De Novo Na Noite), única faixa inédita do álbum. A canção foi escrita por Lucas, seu irmão mais velho, e Marisa. “Assim que a visitei pela primeira vez, nós já nos sentamos no piano e começamos a compor. Ela é prática, direta e muito criativa. O nome do disco deveria ser Silva Canta Marisa Monte, mas ela achou o título excessivamente formal. Falou que daquela forma ia parecer que a gente não se conhecia. Pediu, portanto, para ser Silva Canta Marisa. Dava um ar menos sério.”

Autor de três belos trabalhos autorias nos últimos quatro anos, Claridão (2012), Vista Pro Mar (2013) e Júpiter (2015), Silva acredita que o disco com Marisa o fez crescer como intérprete. Canções como Na Estrada, Não Vá Embora, Beija Eu, Não é Fácil e Ainda Lembro, hits da cantora, precisaram ser muito bem elaborados. Os tons das canções, segundo Silva, exigiram muito de sua capacidade musical. “Foi trabalhoso dar os tons mais adequados para as músicas da Marisa, mesmo que eu a escute há anos”, afirma. 

O sucesso de Silva à frente do repertório de Marisa rendeu a ele um convite para duas apresentações no Sesc Vila Mariana com ingressos esgotados em setembro do ano passado. O show, entretanto, não tinha a mesma estrutura e preparo do disco atual de Silva. “Foi, na verdade, um compilado do programa do BIS. As pessoas gostaram tanto que acabamos elaborando essas performances em 2015”, afirma Silva, que fez show oficial de lançamento do disco no Sesc Pompeia no último sábado, 17, mais uma vez, com entradas esgotadas. “A gente deve fazer shows em outras cidades no ano que vem. Ainda não tem nada confirmado, mas, certamente, vamos fazer uma turnê maior e mais completa pelo Brasil”, conclui Silva.

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