Semana Internacional de Música chega à terceira edição para ‘diminuir as distâncias geográficas’

SIM São Paulo 2015, realizado entre os dias 29 e 5, tem atrações musicais como a cubana Yusa e a franceça Aufgang

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Por Pedro Antunes
Atualização:

Dez horas em um avião separam França e Cuba. De cada um desses dois países até São Paulo, os voos ganham algumas horas a mais. Na noite de quarta-feira, 2, dois expoentes da música francesa e cubana, representados por Aufgang e Yusa, respectivamente, diminuem essas distâncias geográficas, embora não tão drásticas quando o assunto é música. Apresentam-se no Auditório Ibirapuera, a partir das 21h, para celebrar o início dos trabalhos da Semana Internacional de Música (SIM), cuja terceira edição tem início na mesma data, em São Paulo.

Curiosamente, durante as entrevistas com o Estado, por telefone, às vésperas de embarcarem para o País, Yusa e Rami Khalifé, integrante do duo Aufgang, de origem libanesa, embora resida na França há muito tempo, não conheciam os trabalhos uns dos outros. Rami, da dupla que primeiro sobe ao palco, às 21h, nunca veio com a banda ao País – ou até mesmo à América Latina –, e vê na viagem uma oportunidade de troca sonora. “Vai ser ótimo conhecer o som dela”, disse o rapaz de 34, com português excelente – ele conta que aprendeu a língua com amigos brasileiros durante suas estadas em Nova York e exercitado nas numerosas viagens de turismo que fez por terras brasileiras. “Vamos descobrir um novo público, novos artistas. Tudo isso é muito interessante. Em uma cidade como São Paulo, tão multicultural.”

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Yusimil López Bridón, ou Yusa, atração das 22h no Auditório, é velha conhecida do público brasileiro interessado no melhor produzido pelos países vizinhos. Figura expoente da música cubana, ela flerta do jazz ao rock, da bossa brasileira à salsa cubana. Soa contemporânea, tanto quanto a música erudita do Aufgang, escondida por um virtuoso trabalho de sintetizadores, programações em looping e pretensões futuristas. “Ouvi algo sobre eles (Aufgang), mas são coisas muito gerais”, ela confessa. “Mas posso dizer que essa união de música eletrônica com erudita é bem interessante.”

Ao longo da extensa e intensa programação da terceira edição do SIM São Paulo, que dura de 2 a 5 de dezembro, a ideia de diminuir distâncias geográficas está por todos os lados. Desde os showcases gratuitos e abertos ao público realizados no Centro Cultural São Paulo até as festas e apresentações realizadas à noite, espalhadas por casas de shows como Saloon, Cine Joia, Jongo Reverendo e Centro Cultural Rio Verde (tudo pode ser conferido no site oficial do evento). Aproxima-se, também, no programa dedicado à área de negócios e aos profissionais da música de diferentes pontos do País e do mundo, que se reúnem em palestras, workshops e debates.

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“A distância é algo tão relativo, não acha?”, questiona Rami. “Nasci no Líbano, tive metade da minha educação na Europa e outra nos Estados Unidos. Não entendo essa questão de fronteira, de limite.” Para Yusa, o tema, a diminuição das fronteiras, é essencial: “Existe uma necessidade de troca, que a música latina chegue à Europa”.

Troca profissional. O norte-americano Robert Singerman, figura presente na edição de 2014 do SIM e que volta neste ano, trabalhou com artistas do calibre de Gipsy Kings, James Brown e Fela Kuti e atua como defensor da regulamentação das traduções das letras de música – questão defendida por ele, ferrenhamente, como responsável por reduzir distâncias musicais. Neste ano, ele atua no debate Music Conventions ao Redor do Mundo, como representante da Canadian Music Week. “Sem a letra, perde-se parte da canção”, diz.

Fabiana Batistela, diretora da SIM São Paulo, comemora o crescimento em 40% nas inscrições dos profissionais da música nesta edição – são esperados 1,2 mil credenciados. “Só agora estamos começando a entender o que é o novo mercado da música”, explica ela, sobre a indústria fonográfica pós-internet. “Queremos mostrar as opções possíveis para esses profissionais”, acrescenta.

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SIM Social vai até a periferia de SP

Deste domingo, 29, até 1º de dezembro, a Semana Internacional de Música deixa a zona central e vai até bairros da periferia com workshops e bate-papos. O festival passará pelo Jardim Ângela (dia 29, na A Banca), Capão Redondo (dia 30, no Projeto Arrastão) e São Mateus (dia 1º, no Espaço São Mateus em Movimento).

Banda chilena Fando quer conhecer a psicodelia brasileira

A banda chilena Fango nasceu, pelo menos dois terços dela, de outro grupo roqueiro chamado TV Femme, responsável por causar algum burburinho local no início da década. Com adição de um terceiro elemento em 2012, Diego Alorda (guitarra e voz) e Sebastián Diaz (bateria) decidiram mudar o título sob o qual se apresentaram. Com Tomás Caroca (baixo), o novo trio se viu livre para novas viagens sonoras que viriam. 

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Lançaram o disco de estreia, Los Vicios del Mundo Moderno, uma homenagem ao livro homônimo de Nicanor Parra, em 2013. No meio do processo da gravação do segundo álbum, deixam Santiago para a primeira experiência em terras brasileiras. “Já conhecemos (a banda) Inky, que tocou aqui há pouco”, diz Diego. “Queremos conhecer a esfera psicodélica da música brasileira.” 

PROGRAMAÇÃO GRATUITA NO CCSP

Quinta-feira, 3 15h - Marcelo Perdido (SP) 15h40 - Chico Salem (SP) 16h20 - Far From Alaska (RN) 17h - Laura Lavieri (SP) 17h40 - Alessandra Leão (PE) 18h20 - Fando (Chile) 19h - Ava Rocha (RJ) 19h40 - Bixiga 70 (SP)

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Sexta-feira, 4 15h- Dom Pescoço (SP) 15h40 - Muntchako (DF) 16h20 - Nana Rizinni (SP) 17h - Fino du Rap (SP) 17h40 - Jesuton (RJ) 18h20 - Rico Dalasam (SP) 19h - Yoyo Borobia (Venezuela) 19h40 - Maurício Pereira (SP)

Sábado, 5  15h - HAB (SP) 15h40 - Aloizio (DF) 16h20 - Aeromoças e Tenistas Russas (SP) 17h - LAIKAMORI (Peru) 17h40 - Kastrup (SP) 18h20 - Noumoucounda (Senegal) 19h - Guizado (SP) 19h40 - Camarones Orquestra Guitarrística (RN) 20h20 - INKY (SP)

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