PUBLICIDADE

Scalene abre Palco Mundo para plateia dispersa

Público se interessou mais pelo repertório antigo do grupo do que pela complexidade das canções do novo álbum, 'Magnetite'

Por Renato Vieira
Atualização:

RIO - Em entrevista publicada hoje no Estadão, o guitarrista do Scalene, Tomás Bertoni, disse que "talvez fosse loucura" tocar músicas do novo álbum, Magnetite. Consientes da ousadia, os brasilienses dedicaram uma boa fatia do show que abriu o Palco Mundo ao repertório do trabalho. É um álbum de complexas camadas sonoras, o mais bem-acabado da banda em termos de produção. A plateia, entretanto, não entendeu bem a atual proposta do grupo. Eles eram os caras certos no lugar errado.

A banda Scalene se apresenta no Palco Mundo do Rock in Rio Foto: Fabio Motta/Estadão

PUBLICIDADE

O show começou com três músicas do álbum Éter (2015), Histeria, Náufrago e Sublimação. Rocks sob medida para quem estava ali aguardando a pose punk do Fall Out Boy e potência do grupo de Steven Tyler. Foi um belo aquecimento para o início da programação do Palco Mundo. Gustavo Bertoni, o frontman, tem presença e a banda, com o baterista Philipe Makako se destacando, está afiada.

Quando o grupo tocou Cartão Postal, uma das faixas do novo álbum, a temperatura da plateia abaixou. Distopia, outra canção de Magnetite, tem versos contundentes que dizem muito sobre o Brasil de hoje e poderiam gerar alguma comoção ou uma onda de “Fora Temer”, o que vem ocorrendo com certa frequência nesta edição do Rock in Rio. “Roubam de quem pouco já tem/falam de entrega, de sacrifícios/ônus não tem, só o que lhes convém”. O público não escutou, parecendo mais preocupado em abordar o vendedor de cervejas que grita por clientes. O que também diz sobre o Brasil de hoje.

Houve recados políticos (“Vamos propagar o bem, o que está acontecendo hoje favorece político corrupto”) e pedidos de celulares para o alto, atendidos sem muito entusiasmo. No final, o show voltou a ganhar fôlego com Danse Macabre, incluída em trilha de novela, e Legado. O Scalene está plenamente habilitado para se fazer ouvir em um País no qual o rock, nos últimos tempos, voltou a ser quase um nicho. E vale ressaltar o simpático recado de Gustavo: “Valorize a música nacional”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.