Se perguntasse para qualquer um que não conheça o Royal Blood, mas estivesse assistindo ao show do grupo no Rock In Rio, metade não teria percebido que não há guitarra na dupla inglesa. Baixo e bateria fluem com peso e suor. O instrumento de seis cordas não parece fazer falta.
O duo inglês debutou no Brasil diante de um público massivo, nesta edição de 2015 do festival carioca, apenas dois anos de ter sido criado. É a mais novata das atrações deste sábado, 19, e ainda assim conseguiu um lugar de destaque na escalação. Foram direto para o Palco Mundo, com show marcado para 21h.
Não é costume de Roberto Medina, presidente do evento, aliás, apostar em novatos. O Rock In Rio se fundamenta em bandas consagradas e anos de história. As páginas do Royal Blood ainda estão para ser escritas. A julgar pelo o que foi visto no Rock In Rio, as linhas serão promissoras.
Na caminhada entre o Palco Sunset, após o show do Korn, e o Mundo, onde se apresentaria o Royal Blood, às 21h, as conversas eram sobre o que esperar da banda inglesa. "Quem são?" "O que tocam?" "Não conheço."
Ser apresentado ao grande público num palco gigante como o Rock In Rio tem seus problemas. Por mais que a dupla colocasse toda a sua energia nos instrumentos, não foi suficiente para arrebanhar mais do que o público que se posicionava em frente ao palco. Havia ali alguém só para ver o Royal Blood, e não o Mötley Crüe e Metallica, que viriam em seguida?
O duo não pareceu se importar com esse teste difícil. Canções do único disco deles, que leva o nome da banda, destilam peso. Emanam novidade (algo tão raro por aqui). Mile Kerr, voz e baixo, não aceita caminhos harmônicos fáceis. Com seu baixo, palheta é toneladas de efeitos, explora o rock de uma forma quase inédita. É quase um vanguardista diante da mesmice musical do Rock In Rio. E como toda vanguarda, não foi apreciado como deveria. Espero que, em algum momento, o Royal Blood inspire mais bandas a "pensarem fora da caixinha". Faria bem a todo mundo.